sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
ainda que esteja a mente inóspita
a não ser pela letra da música que toca.
talvez porque seja preciso falar
ou calar.
talvez pela dispensabilidade do sono
pelo receio de apagar a luz
ou de ter pesadelos.
talvez pelos livros a serem lidos
todos na cabeceira da cama.
o livro diante dos olhos esperando ser aberto.
diante dos olhos, esperando ser explorado
diante dos olhos, esperando ser visto
diante dos olhos.
esperando.
esperando ser visto não apenas como livro.
talvez não só pelos livros,
mas pelas reações comedidas
pelos atos pensados em demasia
pelo desejo calado
pelas cartas que não são postas em jogo
pelos assuntos não proferidos
pela segurança ameaçada.
talvez pelo sonho, pela fantasia
pela lembrança, pelo fato
pelo incômodo, pelo silêncio.
talvez pela cara à tapa, pela fuga
pelo adiado, pelo odiado.
pela corvardia, pelo anseio de coragem
pelas indagações silenciadas.
talvez pela dúvida sem resposta
pela resposta que não vem
pelo machucado, pela necessidade de indagar.
pelo inominável, pela definição
nomenclaturacertezaplanoscomparaçãointensidadeverdadevontade
pelo medo da inatingibilidade
capacidade posta em questão
pela cegueira
por querer ensinar a enxergar.
talvez não tenha motivo e seja simplesmente apego,
apego ao lápis e ao papel,
ao que tem cheiro de não-vivido
ao tempo que não passou
à época deconhecida.
apego, ou apelo?
talvez pela dor,
pelo escape.
talvez nem por isso.
nem por nada.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
de dias atrás...
Antes de mergulhar na inconsciência, recordou vagamente que um dia lhe fora dito: “Se pudéssemos viver na época mais feliz de nossas vidas, nunca teríamos nos conhecido, não é?”. Então, num assentimento sonolento e profundo, concluiu, por fim: “Talvez por isso não seja possível parar o tempo”.
domingo, 26 de outubro de 2008
uma música sem som....
a música está aí porque eu queria ser ela hoje. o ritmo é gostoso, combina com agora, compensa meu silêncio de agora.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
É difícil ver que algo que eu quero tanto nunca vai ser meu. Algo de que eu tanto gosto escapa de repente da minha mão, se perde de vista, assim, de um dia pro outro. Pior ainda é ver o motivo disso, motivo tão pequeno. Às vezes eu vejo e percebo muito mais do que eu gostaria. Ver muito nem sempre é bom. Ver muito dói. O problema de ver é sentir raiva. Por outro lado, vendo menos eu perderia muito tempo. Olho muitos olhos e vejo disfarces e egoísmo, frieza e mentira. Há quem se prive de viver, há quem se prive de se encontrar por não saber sentir, por não tentar aprender. E alertar o tempo inteiro também cansa. Não vou passar por isso de novo.
Olhar ao redor e não ver quem realmente possa ouvir, olhar e não ver quem realmente me conheça... olharprocurar tanto e não ver ninguém... me abre um vazio gigante que fica difícil entender. Ainda me assusta notar que problemas superficiais (ou desimportantes dentro de mim) me transportam a tempos, lembranças e pensamentos tão profundos... Problemas pequenos aumentam a falta. Problemas facilmente superáveis sem a saudade, com ela se tornam bem mais difíceis. Me fazem lembrar daquele apoio, daquele abraço, da companhia, do que está agora tão longe, e a ausência faz tudo pesar mais, muito mais. Tudo o que eu queria é poder ver de novo a verdade dos olhos, poder ter de novo aquele abraço que sempre acalmava qualquer tormento. Queria aquele abraço, cheio de verdade, que não me deixava dúvida alguma, que apoiava e completava. As vozes, conversar, ouvir, queria ver... Queria voltar!, muito, muito! Me controlo pra não questionar, pra aceitar, mas a falta que me fazem só aumenta, não dá pra esconder, é foda continuar assim. A vontade é de jogar tudo pro alto, voltar, sumir, fugir, sabedeus. Não quero isolamento, também não quero conviver com supercialidades, aí procuro a solução e caio num dilema sem fim. Só não dá pra ficar aqui nos meus dias se sempre, no ambiente de sempre, com as efemeridades de sempre, com a desconfiança de sempre, assistindo aos joguinhos de sempre, lidando com as pequenezes de sempre, com a imaturidade de sempre, com a falta de amizade, com a mentira, com a futilidade de sempre, com tudo que em pouco não será mais do que um flash remoto sem importância.
Cansei mesmo. De tudo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
maldita volta à realidade
pensapensa
cabeça lista sem querer
lista! GIGANTE!
segundaterçaquarta laboratório produção gráfica
terça ilustrações terça parcial de perspectiva
perspectiva! (madrugada inteira de segunda)
quando cláudio?
prazos!
a cada segundo mais um item
não acaba!
R! meodeos!
ilustrações muitas, atraso,
professora proclamando em público e alta voz minha dp
citcitcit! ah!
loucurapânicopânicoloucura
chocolate
sono
PÂNICO!
LIGA REGINA SPEKTOR! AH!
....they made a statue of us (Ufa! respira...)
saudades
falta fôlego!
...and it's contagious
queria tanto taanto um cinema amanhã
tenho aula amanhã
mas de tarde seria ideal um cinema, ah, queria tanto!
trabalhos.
domingo tem eleição
tem último dia de tarsila no mon
e tem trabalhos.
maldito post ridículo falando sobre oq eu menos tenho vontade de falar
... i'll never know if I go to sleep
cansei mesmo de não fazer nunca o que quero
não vou pôr título
ridículo não existirem mais acentos diferenciais
falta de coesão mode on
e que se foda esse blog também
terça-feira, 30 de setembro de 2008
miragem minha, monte atrás de monte...
Ontem, fiz planos, quis escrever. Peguei o caderno comprado só pra isso, reli os textos de dois anos, analisei a mudança da minha linguagem... Analisei a forma objetiva, direta, sem rodeios, que caracterizava minhas palavras. Vi que as mesmas palavras continuam vivas com a mesma intensidade dentro de mim, mas em silêncio, silêncio cansado por tentar provar que é verdade. De tanto ver olhares duvidosos, guardei tudo só pra mim: a angústia, a saudade, os planos interrompidos, o amor. Guardei tudo só pra mim. Algo, em partes, até bom, porque não preciso convencer ninguém de minhas certezas. Li tudo que eu tinha escrito, lembrei das margaridas brancas que odeio, lembrei do cheiro das margaridas e do incenso, relembrei sem querer. Era o caderno. É... o caderno... deveria ter pego outra folha qualquer. Com a mão fraca, soltei a caneta. Tentei conversar, enviar uma mensagem, falar, pedir. Tentei, porque o sono é sempre mais forte. De novo deixei de lado minhas prioridades por estar cansada.
Lembro desse mesmo dia três anos atrás. Lembro sempre desse dia. Sei as roupas, a mesa, as cadeiras. Lembro de ver o sorriso de longe enquanto o ônibus fazia a curva. Celofane amarelo e o sorriso na rua, ao mesmo tempo do meu sorriso enquanto assistia. Aquele sorriso. Passo todos os dias ali, e sempre na mesma curva olho a calçada lembrando (cadê palavra que traga você daquela calçada?)... todos os dias. Lembro e desejo rever, desejo voltar, desejo por um milagre que aqueles segundos se repitam. Nem sei se hoje minha revolta era mesmo tanta (tanta pelos motivos que fiz parecer serem principais). Talvez minha maior revolta tenha se misturado, revolta pela ausência, revolta que volta a cada rosto que vejo me confundindo (sem ser, sem nunca poder ser). Talvez eu tenha dado um nome à isso pra poder gritar um pouco, em disfarçe, a saudade que agora escancaro indevidamente.
Acordei, lembrei do mesmo dia três anos atrás, desse e de outros, de tantos. Lembro dos olhos, de ouvir o que me disse. Passei o mesmo perfume (e a poesia que meu olho molhava ali), aquele, guardado. Peguei a caixa em cima do armário, abri, olhei por alguns segundos, pensei em abrir as cartas - não me senti capaz (quem sabe não me caiba). Depois guardei tudo impetuosamente, peguei a chave e saí emudecendo minha mente (nuvens, chuva... "até o céu chora," lembrei o quanto repeti isso há dois anos). Assim foi. O perfume me trazendo de volta alguns flashs (quem sabe seja sua). O coração apertando por serem só flashs.
Voltando aos planos, eu ia hoje lá com uma rosa, como em todas as vezes. Mas, pra não encontrar nada? Pra talvez me perder? Não sei qual seria minha reação. Não fui. E agora não sei como falar o que quero, não sei como enviar minhas palavras, não sei como sentir por perto. Pelo menos hoje, um pouco mais perto. Pelo menos mais uma vez.
"Há três anos..." o tempo escorre pelas mãos. Esse perfume me leva de volta àquele tempo. Me distraio e acho que estou lá, então lembro que não estou. Respiro mais uma vez, me transporto, fecho os meus olhos, visualizo outros, giromepercohojenãoqueroantesvoltavoltavolta... assim palavras e palavras gritam.
Ando me estorvando de não viver o que planejei. Ando cansando desse descontrole. Me pego, em alguns momentos, como uma velha rabujenta, condenando fogo de palha, cansada de incertezas, cansada de efemeridades, de superficialidades. Ando cansando de coisas tão físicas, tão vazias, tão exclusivamente táteis. Ando saudosa de sentir com concretude, dos meus planos, da vida que criei pra mim. Ando cansada de tanta imaturidade, de todas as complicações dispensáveis, até das minhas. Ando querendo jogar fora tudo que parece não valer, tudo que se paraliza, tudo que se mantém na superfície (e por isso se torna preterível), a inatingibilidade do essencial, a contigüidade necessária que não se alcança, tudo que parece sem dimensões futuras, tudo que passa e não fica.
Alguns vazios são permanentes. Não adianta tentar preencher. Não adianta tentar matar fome com água. Não adianta procurar a imagem em outras imagens pra tentar resgatar um segundo daquele instante. Sinto, por vezes, formigamentos na mão ou no rosto e torço tanto pra significar algo mais. Erro meu?
é um mundo e dentro um mundo...
seu dia: feliz aniversário!
terça-feira, 16 de setembro de 2008
dia-navalha
Grande mal de dias-números: quando se repetem, gritam e explodem descaradamente de novo com força similar. Sentiu a mesma tontura, o mesmo pânico da notícia que fere, a mesma sensação de ter uma grande parte afastada definitivamente no tempo limitado de um plano passageiro. Mesmo sabendo sobre o tempo que não é tempo, sobre a existência autêntica e final, mesmo com todas suas certezas, a ferida continuava latejando nos mesmos dias, seus pés a prendiam no chão como âncora (poderoso óbice) impediando-a de se mover. Não conseguiu viver por mais um dia, não conseguiu ouvir, não conseguiu ser sequer figurante. Gargalhadas ásperas saíram rasgando pela garganta, o choro continuou retido explosivo, o espaço continuou vazio, aquela voz continuou perdida.
Dormiu e esperou tanto poder ver de novo a eternidade dos olhos sempre tão verdadeiros, a verdade dos olhos sempre tão doces, a doçura dos olhos sempre tão puros, a pureza dos olhos sempre tão cheios de amor. Quis mais que tudo não sentir sozinha. Quis sentir a energia que saía dos olhos em pares na mesma frequência como prova irrefutável diante daqueles olhos, não sozinha. Esperou poder ver o que não podia mais ver. Por que diabos o tempo e a saudade se mostravam intermináveis? Por que olhar as mesmas fotos repetidas vezes não trazia pra perto a presença? Por que lembrar (cherish is the word a use to remind me of...) fazia parecer impossível rever?
E de que adianta querer colar os próprios cacos no lugar usando música, óculos escuros e xícaras quentes de chá como cola? De que adianta acordar de costas pro mundo e querer que ele gire de novo? De que adianta buscar diariamente migalhas que proporcionem pequenos efêmeros segundos de prazer se a ausência ecoa forte, sacode constante, muda o centro de gravidade de tudo? Como aprender a cuidar bem das novas partes que ainda existem? - ela se indagava preocupada e repetia e via via via os minutos se arrastarem comedidos. Não é só um dia, não é só um número. Parecia simples falar (eles falavam e ela ouvia com revolta muda), parecia insignificante na boca dos que não sentem. Dias não são só números (embora ela quisesse que dias fossem apenas dias, quisesse saber ser amiga, quisesse saber cuidar, quisesse completar e ser uma parte), aquele não era só um número, não era...
[navalha
no peito
reabertacicatriz.]
domingo, 7 de setembro de 2008
your only home is your body...
Conseguiu chegar à uma rua escura e tranquila depois de muito tempo. Era uma rua que nunca havia notado, embora passasse por ali todos os dias. O engarrafamento não parecia se diluir, não havia nem expectativa de quando isso aconteceria. Havia muito sobre o que pensar, ela estava sem dúvida pensando e muito. Ali, do assento ao lado, não ousei indagá-la quanto a isso, mas acredito que entrou na tal ruazinha sem muito calcular o que fazia. Parou o veículo, girou a chave, guardou-a e ficou absorta, dissuasiva, pensando distraída em qualquer coisa que certamente não tinha relação com aquele desvio de rota (talvez estivesse se desviando de alguma rota dentro de si, mas me refiro agora ao trajeto-de-todos-os-dias para a sua casa, para o seu mundo). Abriu a porta, pôs as mãos nos bolsos... foi caminhando fugindo da bagunça, buscando sossego no percurso alternativo até sua cama. O carro ficou ali, mas dessa vez nem eu me preocupei. Saí caminhando ao seu lado, olhando-a sem retribuição porque ela não sabia que eu estava ali, ela não sabia que eu sabia tanto, ela nunca me viu porque sou guarda, porque sou invisível, porque sou uma parte, porque estou nela. Surgiu a pergunta no meio de todo estardalhaço: “Traduzir uma parte na outra parte será arte?”
Supressão de ruídos.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Quedou-se insensata e destrutiva nesse jogo de amargura e lágrimas, recordações e desejos, até o marasmo se encontrar reinante. Esgotou as energias pra pensar e querer, então deitou sonolenta sem poder dormir, sem saber dormir, aquecendo-se com o cobertor, encolhida, do frio da noite e do vácuo. Numa torrente dos mesmos pensamentos que lhe tiravam a paz ...aperto o 12, que é o seu andar..., ela se revirou ofegante tentando afastar de si tantos soluços abafados, tantas incertezas, tantos caminhos em branco. Aquilo por quanto tempo? Algo que não soube responder. Poderia ter ficado ali a madrugada inteira ...ficou pra hoje, ou por apenas 10 segundos. O tempo já não corria, era como se parasse, e o que valia ou contava era o anseio e o vazio dele proveniente. (esforço inútil!) Saiu da cama, porque dormir já não era possível. Sentou de frente pra sacada e, do parapeito da janela, olhou a lua minguante (ali, tão símile) tentando ainda manter inaudível sua alma, apenas se deixando recitar, baixinho: “o tom em que eu canto as minhas músicas, para a tua voz, parece exato...”
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
matandotempo, morrendomúsica
Hoje senti algo estranho com Mombojó. Uma música muito fim da vida. No sentido de soar como música ideal pra se ouvir nos últimos segundos. Morte perfeita: areia, mar, brisa, sol das 16h no Nordeste e aquela música. Parece emo, parece deprê, parece macabro. Mas é o meio que faz assim parecer. Internet gélida, calculista, determinista, que deturpa e generaliza. A sensação que tive ao identificar a música como ideal-pra-se-ouvir-morrendo foi boa, bem boa. Como se tudo acabasse ali, como se tudo sumisse ali, no meio do corredor. Como se o chão se diluísse e virasse areia. As pessoas ao redor sumiriam. Todo o peso (não é metáfora) em minhas mãos sumiriam e eu me veria vestida de algum pano suave, leve e macio. Então daria vontade de fechar os olhos e me jogar pra trás, cair na areia fofa como pacote-bêbado (lembrando chico) e ficar quieta, sentindo o sol ir embora, respirando ar limpo pela última vez, consciente de que se trata da última vez, sugando e degustando, absorvendo essa última vez. A maré estaria subindo, e a água morna tocaria meus pés. Eu sorriria já sem forças, mas feliz, tão feliz! A água sumiria e estaria na espera de, por favor, sentir a onda mais uma vez. Até me sentir mergulhando num sono profundo, até virar brisa, até sumir com a música sendo música. Foi como um calmante pra mim. Andar no corredor de sempre, cinza de sempre, pensando nas coisas de sempre pra resolver, nos trabalhos de sempre pra entregar, e de repente ver tudo isso se diluindo pra sempre em acordes. Como uma trégua pra respirar. Como uma trégua pra sorrir em silêncio e em paz, como em Recife, saudades do Recife.
Remoí muitas coisas hoje, revi muitos momentos, li depoimentos antigos, gargalhei lembrando, me vi aos 13 anos com todos os sorrisos daquela época. Deu saudades, muitas saudades. Lembrei de coisas simples, como festa do pijama, fondue de chocolate, molho tártaro, legião urbana, todas acordadas até o sol nascer, rindo rindo rindo como nunca mais, provavelmente, qualquer uma de nós rirá de novo. Saudade imensa, mas não carregada de dor. Aperta o coração, sim, como toda saudade, mas é saudade que faz sorrir, agradecer, reforçar amizades antigas. Talvez por isso essa imagem de praia esteja tão fixa na minha cabeça, bem como essa busca pela paz que encontro lá, bem como o reconhecimento rápido dessa paz no ritmo pernambucano.
O desafio mais recente vem sendo entender esse mecanismo de auto-proteção. Entender como acontece isso de congelar pensamentos, de se tornar zumbi de si mesmo, de se tornar mero receptáculo de pensamentos, pensar sem sentir, congelar-se por inteiro pra simplesmente não sentir. Virar pedra fria, o sangue pára de circular. Virar robô, algo mecânico. Congelar tudo. Não que não se sinta. Sente-se muito. Mas é criado um ser pra assistir somente, pra ser neutro, pra ser o principal, pra fingir que é mero personagem obedecendo ordens. Então se contróem muros em volta pra que tudo permaneça em silêncio, latente, desacordado. É engraçada essa autodefesa (não engraçada de "hahaha", mas de curiosa, de estranha) do ser-humano. É triste, é bizarro. Como, de uma hora pra outra brotam muros? Como de uma hora pra outra o lado cruel das pessoas pode se mostrar mesmo tendo estado inativo por tanto tempo? O foda é quando isso não é bem-vindo. Às vezes é preciso não se proteger tanto assim, não se sufocar tanto assim. Às vezes é preciso se deixar sentir, se deixar viver, se deixar cair pra aprender a levantar. É preciso dar uma chance à vida e seu curso sem impendí-la, sem barrá-la com medos. Não quero construir muros, não quero criar mais barreiras. Mas é difícil impedir quando o cérebro envia essa mensagem de "se proteja, agora" o tempo todo. É difícil impedir quando esse mecanismo toma o comando, saí na frente e sái decidindo tudo sem perguntar antes se pode. Como adormecer esse instinto? É a questão. Já o adormeci uma vez, não lembro como. Uma hora dessas eu descubro, uma hora bem em breve.
O dia terminou e não fiz meus trabalhos. Meu personagem também finge não se preocupar com trabalhos. Começo a odiá-lo. Os minutos dele estão contados.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
um dos curta-metragens nunca filmados
terça-feira, 26 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
heal over
Minha flor de copacabana me dedicou a música do título e me abriu o sorriso no rosto. Sempre achei a melodia linda mas nunca tinha prestado atenção na letra... Ouçam! __________________________________________________
Surgiram centenas de músicas desconhecidas no meu pc e a única forma que tenho de ouví-las é através do mp3 player, o que me proporcionou agradáveis surpresas durante o dia. Entre frases e frases, chamou-me a atenção essa, em especial: "hoje é o primeiro dia do resto de sua vida". Não é nada inédita, eu sei, mas foi a primeira vez em que parei pra refletir sobre ela.
Pensar que hoje é o primeiro dia do resto de toda a vida faz com que "toda a vida" pareça muito tempo, embora isso fuja do conhecimento de qualquer um. Hoje é apenas o primeiro dia, o começo de tudo. Ainda há tempo de lutar, ainda há tempo de conquistar tudo aquilo que se almeja. É só o primeiro dos dias. Tudo pode ser. Ainda há tempo pra ouvir, pra tentar de novo, pra planejar de novo, pra resgatar o que há de mais importante. Ainda há tempo. Ainda há tempo pra correr atrás do tempo. Mesmo que o "resto da vida" seja só mais um mês. Por trás dessas palavras está a coragem, e a coragem permite que os dias últimos existam somente com o fim de recuperar o que se perdeu, com o fim de reencontrar a própria vida, com o fim de reencontrar a si mesmo pra tentar trazer de novo pra perto quem não se quer perder.
Hoje esgotei a minha cota. Esgotei meus minutos de altismo compenetrado, de horas sentada numa mesma posição, de óculos escuros para que não me vissem. E aí, surgindo alguém conhecido, eu dissimulava um sorriso porque os olhos estavam tampados mesmo, então eu me sentia disfarçada em meu próprio abismo. Olhando agora pros últimos 12 anos da minha vida, eu sempre tive um pouco disso, sempre tampei os olhos e sorri, sempre fui um pouco atriz (e quem não é?). Hoje esgotei a minha cota de gargalhadas superficiais. Esgotei. E a partir de agora vou ter coragem de falar "preciso de um abraço" porque foi disso que eu mais precisei hoje.
Me brotou, de repente, uma saudade imensa das pequenas coisas que vinham me alegrando os dias (não tão de repente, vem sendo "de repente" o tempo todo). Os cheiros, os sabores, os sorrisos. Deixei-as um pouco de lado involuntariamente e agora machuca não vê-las mais tão de perto. Sinto saudades de coisas tão recentes, outras tão antigas. Sinto saudades e culpa. Sinto o veneno de ter deixado voltar, ainda que por pouco tempo, quem eu já fui e deixei de ser. A toxicidade de pintar meus dias com a tinta dos defeitos que lutei tanto pra apagar. É ruim acordar e não se reconhecer. Acordei rápido, mas o tempo durou o suficiente pra deixar marca. E eu não gosto dessa marca.
Então fica difícil não estremecer ao ver os resultados de minha fraqueza. E fica difícil recuperar a força com esses resultados me esbofeteando a face diariamente. Fica difícil ver a ausência e não me sentir culpada. Fica difícil me convencer de que o que vejo não passa de uma impressão equivocada. Fica difícil. E como distinguir a verdade da paranóia? Como distinguir a culpa do medo? Como não sentir medo?
Enfim, esse é o primeiro dia do resto da minha vida, espero acordar amanhã pensando assim.
*bloqueio criativo-literário mode on
copo vazio.
um copo vazio.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
escritos de um dia-de-férias qualquer...
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Escrevi muitas folhas só pra mim, muitas só pra pessoas específicas, muitas pra ninguém (as mais confusas que não consegui endereçar nem pra mim). Algumas enviei pelo correio. Outras dobrei pra entregar depois, desisti e amassei. Outras amassei sem nem terminar de escrever. Outras ainda estão dobradas. Mas não escrevi nenhuma que coubesse coerentemente aqui. Há textos que não são pra todo mundo ler, e um blog é pra todo mundo. Nunca senti tanta dificuldade em escrever aqui.
Talvez eu devesse experimentar, vez ou outra, a sensação de não medir palavras. Sou capaz de passar uma hora inteira segurando a caneta, olhando o papel, sem saber como escrever o que eu penso. Não me concentro no que devo pensar, não me concentro no que devo resolver, não me concentro no que devo descobrir, não me concentro no que devo entender. Não sei se por comodismo ou por medo, mas pulo de um pensamento pra outro sem dedicar tempo suficiente a nenhum deles, sem concluí-los, numa evasão constante.
Nesse período comecei a entender que nem tudo se cura com música. Que não adianta mais ligar o som bem alto e esperar que tudo se resolva apenas assim. Depois de muito escrever sem chegar a conclusão nenhuma, começo a desconfiar de que passei muito tempo achando estar melhor enquanto apenas fingia que minhas limitações não existiam. Depois de muitos anos, muuuuuitos anos (até me senti velha agora, mas são quase 10 anos) senti saudade dos domingos em família. Nunca mais tinha sequer pensado neles. Nesse período descobri que eu nunca me acostumo a “precisar de pessoas”. Eu sempre me assusto quando me vejo precisando demais de alguém.
Nesse período, mais que tudo, cansei de ter tantas coisas por terminar. Dezenas de livros que li pela metade, dezenas de textos que escrevi só uma parte, dezenas de pensamentos que nunca concluo... Não concluo pensamentos porque me vejo precisando de palavras a certa altura. Só entendo quando acho as palavras. Se demoro pra achá-las me sinto desconfortável em minha pele e acabo deixando tudo de lado pra não ter mais que procurar. Parar de pensar sozinha pra começar a pensar em grupo fica difícil depois de tanto tempo engolindo as próprias explosões. Pensando sozinha dispensa-se palavras. Mais se sente do que se pensa. É bem verdade que também mais se foge do que se resolve. Mas pensar em conjunto faz com que as palavras se tornem necessárias. A questão é: que palavras? Como eu as descubro? Como eu as encontro? Às vezes me percebo invadida por uma vontade imeeensa de falar, mas não sei como, e desisto, ou levo mil minutos pra conseguir começar.
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Recado para os netos: Queridos pimpolhos, essa foi a primeira vez que sua vó burlou o sistema de segurança de algum evento, aos 18 anos de idade. O Zeca Baleiro era novinho também, acreditam? Existe uma foto minha do dia desse show, mas ainda não chegou às minhas mãos. Vou conseguí-la pra pôr aqui e mostrar pra vocês. Enquanto isso, vai uma do Baleiro. Grande abraço, saudades.

sábado, 12 de julho de 2008
escritos de papel amassado
Dias atrás, em folhas de papel.
Férias não fazem bem. Pra outras pessoas, em outras casas, fazem. Mas aqui não. Com tanto barulho e tanta briga não tem como descansar. Continuo histérica. Quando chega a noite, estou uma pilha e não durmo. A madrugada é o único horário tranqüilo aqui. É o período do dia que eu recupero o fôlego, respiro em sossego, sem algo de fora vir me pressionar até eu sentir que não caibo em mim. É o único momento do dia que me sinto acolhida em minha casa. Aí, eu só durmo quando começa a amanhecer, e o sono de manhã é tumultuado. É tudo tumultuado quando os outros acordam. É muita pressão, de todos os lados.
Agora são 00:45h, só agora fez-se silêncio porque só na minha casa uma criança de 8 anos fica acordada depois da meia-noite. É tão difícil entender esse ritmo, é tão ilógico. Não custa falar baixo, não custa não brigar, não custa conversar e tentar entender antes de explodir. Não custa. Não custa manter a calma. E esse parágrafo ficou pessoal demais, mas o que importa é que, a essa altura, se eu não escrevo eu piro. Chega um momento que a balbúrdia é tanta que fica complicado suportar.
Agora estou ouvindo a Adriana (novo álbum, Maré... fantástico. Não resisti e adquiri o original) na cozinha, deitada no banco. Poderia passar um dia inteiro assim. Mas esse é mais um momento em que eu não consigo me decifrar.
Me alterno entre a vontade de fugir daqui e a vontade de passar a madrugada nessa mesma posição. Entre o alívio de respirar de novo e o nervosismo engasgado, reprimido, recolhido por ver tanta discórdia em silêncio. Entre o choro de cansaço e o suspiro profundo pra recuperar todo o ar que não achei durante o dia. Entre meu próprio desgaste e a esperança. Entre querer rever todo mundo e querer sumir. Entre procurar entender tudo e querer pensar em nada. Entre a emotividade e a frieza. Entre o lirismo e a impessoalidade. Entre meus diversos eus. Ou entre as versões irreais de mim, aquelas que crio quando canso de tentar saber como explicar tudo, pra fugir das minhas explicações, pra fugir de ter que achar explicações. Às vezes eu me assusto com tudo que preciso enfrentar. Fugir é sempre mais fácil que enfrentar. Fingir é mais fácil que aceitar. Escrever é mais fácil que falar. E é incrível como dezenas de situações acabam de caber em três frases.
Tem coisas que a gente sente e não sabe como escrever, até conseguir e se surpreender. Ou até alguém conseguir por você. Está lá, em um livro, numa música, está lá. Já achei vários pensamentos meus, por mim indecifráveis, saindo assim de uma obra ou da boca de outra pessoa. Nessas horas eu pensei: “ufa! Não sou a única!” ou “Que bom achar uma tradução pra isso!”.
“A uma hora dessas, por onde andará seu pensamento? Terá os pés na pedra ou vento no cabelo? A uma hora dessas, por onde vagará seu pensamento? Terá os pés na areia em pleno apartamento?” Música da Adriana que está tocando agora e que fala, coincidentemente, do assunto que eu pretendia desenvolver em seguida. Muitas vezes eu tenho os pés na areia, brisa batendo no rosto, em pleno apartamento. Inúmeras vezes, no meio do caos, fantasio estar, sem nexo, em qualquer outro lugar (de novo Adriana fala junto comigo, e já é outra música =O). Me imagino em um fugidouro mais tranqüilo. Uma praia deserta só com o barulho do mar. Um gramado bem verde com céu azul, muitas árvores e o sol esquentando a pele sutilmente. Me imagino em qualquer lugar em que eu possa respirar em paz, a Pasárgada nos meus termos, um consolo, uma alegoria tomada como verdade por alguns segundos pra que seja possível manter a sanidade. Só o que eu faço é visualizar o lugar em que eu gostaria de estar. Aí eu corro e mergulho nos lugares, nos mares, nos abraços, nas pessoas, nas memórias, no futuro. Isso me salva. Me salva.
Tem vezes que eu sinto um desejo imenso de mergulhar na música, mas não do jeito que eu sempre faço. Alguns ritmos e notas deveriam durar pra sempre, a sensação que causam, a existência deles. Eu gostaria de mergulhar e sentir e me identificar com a música, vivê-la. Não no sentido de concordar com a letra ou ouvir minha vida sendo contada pelo artista. Me refiro a entrar e ser a música, viver os acordes sem palavras. Sentí-los não só como complemento, como companheiros, como trilha, mas sê-los, formá-los, tornar-me uma nota fundamental, funcionar no mesmo balanço, ser a sensação, ser a harmonia, ser a música. É isso. Eu queria ser música!
Estou sem computador e está sendo bom. Ler, ouvir música, escrever no papel... estava arrumando um pretexto pra começar a fazer isso, tirar o computador da minha vida por uns dias, desviciar de umas coisas e viciar em outras menos nocivas. Por falar nisso, ontem comprei um CD bótimo do Toquinho (novo-velho-vício) por nove (NOVE) reais! Não pára (com acento, não vou deixar de usar acentos diferenciais) de rodar Adriana, Toquinho e KT no som, o dia todo, a noite toda, a madrugada toda. A cada música do Toquinho que descubro ou relembro, ganho um segundo a mais sorrindo. A cada vez que roda o álbum da Calcanhotto, acho mais alguma frase minha saída dela. A cada vez que ouço a KT repenso tudo que eu tenho vontade de falar, tomo fôlego, e não falo sabedeus por quê. Por aí vai. Está sendo bom.
Experimentei algo novo. Não é algo tão novo, mas não acontece há muito tempo. Não pretendo escrever muito sobre isso agora. Mas eu resolvi rezar, vieram as lágrimas, e não foram de tristeza, não exatamente. Não sei que palavra usar, mas, numa explicação mais ou menos aproximada, digo que foram de gratidão.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
é um mundo e dentro um mundo. e dentro é o mundo que me leva...
Acho que não concordo mais com parte do meu último post anterior (comentário ridículo do tipo pré-adolescente-em-crise-existencial). O que um lápis de cor não faz? Me dei conta de que só usei meus queridos lápis uma vez nesse período inteiro! E eu amo lápis de cor, amo! E nem encostei neles, meodeos. Descobri também que não tenho papel branco texturizado pra desenho tamanho A4. Há quanto tempo eu não desenho? Como assim estou à séculos sem folhas e nem me dei conta? E aí precisei da régua. Meodeos, cadê minha régua? Tinha esquecido que régua existia, mas achei uma quebra-galho. Depois fui atrás dos meus lápis preto e verde. Quase não achei também. E aí precisei de compasso. C-O-M-O-A-S-S-I-M meu compasso sumiu e eu não fazia nem idéia de onde pudesse estar? O que eu fiz nesse período inteiro? Tá, eu usei compasso até um dia desses, até dia 19 de junho, se não me engano. Mas depois disso ele sublimou e eu nem percebi. Meu material todo acabou e eu nem percebi. Passei 6 meses sem grafites 0.5 e 0.7, passei 6 meses com um toco de 6B (que permaneceu intocado nesse tempo). Passei meses sem borracha, meses sem limpa-tipos (e houve um tempo em que eu não respirava sem limpa-tipos do lado). O quê raios eu fiz nesse período? Se não fosse por ilustração, meu já-pouco-evoluído-lado-artístico teria ficado completamente abandonado. Que saudade do 1° período cheio de tintas e lápis e nanquim! Era bonita a época (não a época, mas essa parte da época) em que eu não saía de casa seu lápis e papel pra desenhar desenhar desenhar.
Enfim, voltando... Minha adorável mãe, bendita seja, estava ouvindo música na cozinha, e ô mulher pra ter bom gosto! Aquele silenciozinho em casa quebrado apenas pela excepcional música, aquele sossego, aquela paz.... Senti uma sensação de aconchego ou de deslumbramento, semelhante a quando paramos de frente pro mar, fechamos os olhos e sentimos a brisa. Foi um daqueles minutos que eu gostaria de eternizar. Sentei, fechei os olhos e fiquei sentindo o momento. E aí eu fui buscar material (demorei um pouquinho pra achar mas...). Coloquei papéis, lápis, régua, esquadros e compasso em cima da mesa e comecei a fazer tudo com bastante calma. Ah! Como é bom! Principalmente quando não tem a pressão da entrega do dia seguinte, é uma delícia fazer algo com capricho. Fiquei faceiríssima mexendo de novo com lápis de cor. Te-ra-pêu-ti-co. Estava morrendo de saudade disso e não tive tempo nem pra perceber. Agora são 03h30. Queria continuar pintado e pintando e pintando, mas lembro de ter achado uma contradição Luciana-Tatiana uma vez conversando sobre que cor vem antes e que cor vem depois e aí não quis arriscar o verde por baixo do preto. A cada dia descubro mais um remédio pra qualquer coisa. Foi assim que, pintando e ouvindo música, comecei a pensar (parecia ser a “outra forma de pensar” - mencionada no post passado – ideal, justamente a que eu procurava). E agora que não tenho mais como pintar, vim aqui escrever porque não quero dormir e perder o clima gostoso que está aqui em casa. Pelo menos por agora tudo faz muito sentido. Pelo menos por agora parece tudo bastante claro. Seja por que ficou claro, seja porque o clima perfeito do lar esteja influenciando esse meu estado embasbacado, essa mistura de êxtase, alívio e tranqüilidade.
Tenho que parar de me incomodar tanto comigo. Parar de querer ter minhas emoções todas sempre sob controle, parar de ter medo de errar, parar de perder o chão a cada vez que não me entendo. Mania chata de libriano. Como diz a prof-perfeita-Luciana, o libriano sempre está numa busca desesperada por equilíbrio, mas nunca alcança o equilíbrio. =p
Acho que, hoje, cheguei ao famoso estado de ‘toquei-o-foda-se’ (só lembrete: estou em processo de voltar a ser uma menininha. Juro que vou voltar uma lady às aulas). Ainda acho que não devo dar um caráter material às minhas lembranças (como em mil embalagens de perfumes, dezenas de roupas, embalagens de doces e sabe-deus-mais-o-quê). Mas, que saber? Não vou mais me incomodar quando a saudade bater forte, me entorpecer, embaçar meus olhos e me fizer enxergar nitidamente só o que já foi. Acontece, é assim mesmo. É assim e sempre vai ser, querendo ou não. E se é assim, melhor aceitar do que ficar me incomodando.
Minha manhã também influenciou. Entrar no conservatório e ver que em breve estarei lá, depois de tanto tempo, finalmente estudando piano de novo, me deixou cheia de expectativas, cheia de entusiasmo.
E a situação:
- Você é a Carol, né? “A” Carol..... né? A... A... do... né? Eu lembro de você.
- Sou. É. Também lembro de você. Como você está?
E meu estado pós-impacto foi um pouco menos drástico do que costumava ser. Teve o zunido no ouvido, a cabeça pesando, a desorientação, a volta de milhões de flashes, mas eu consegui me recuperar. E isso me mostra que o papo de ser esmagada por tudo que eu cultivo é balela. Hoje tive mais uma prova, dentre todas as outras muitas provas que venho tendo, de que eu posso levantar a cabeça apesar das dores e das saudades, se eu me esforçar.
Às vezes, a saudade nos engole mesmo, nos imobiliza. Uns dias são mais difíceis. Em uns dias a gente vive de passado. Mas aí a gente sente, lembra, chora, e levanta. No outro dia, está tudo bem, a saudade está ali, mas com cumplicidade. No outro dia a força volta e dá pra viver de novo, dá pra olhar pra frente de novo. Em uns dias o passado se faz presente e machuca mesmo. Dá aquele aperto e a sensação de que o desespero pra lembrar de tudo vai tomar um espaço grande demais pra ser possível seguir. Mas eu não vou acabar num sofá, quieta, sem criar novas histórias só pra não mexer nas antigas. De onde eu tirei isso? As minhas histórias continuam lá no passado, continuam aqui comigo. E eu tô vivendo, não tô? Mais do que eu podia prever. Então pronto, resolvido.
PS: Milagrosamente, todos os horários do Conservatório são perfeitos pra minha disponibilidade. Pra mim, algo tão simples virou O sinal de que eu consigo (verbo transitivo que pode ser completado com diversos itens).
domingo, 6 de julho de 2008
“enquanto espero, escrevo uns versos. depois rasgo.”
Voltei. Talvez tenha voltado. Não que eu esteja morrendo de vontade de escrever aqui. Nessa semana me alternei entre a vontadezinha e a não-vontade (palavra inventada agora). Quis escrever, mas não aqui. Acabo escrevendo um monte de textos que não publico. Acabo pensando em um monte de textos que não escrevo (lembrei agora de uma música lindíssima com a Adriana).
Pausa pra super notícia: vai ter um super show dela em Curitiba, no dia 27 de setembro. Eu preciso MUITO ir, eu super vou, vai ser meu presente de aniversário pra mim.
Pausa pra segunda super notícia: Lenine lança novo álbum de músicas inéditas em Setembro! Lenine – Labiata. Ó céus, meu coração!
Pausa pra terceira super notícia: é possível que eu super vá à falência por dois anos, porque também vai ter Maria Rita, e eu não sou nada afim de perder.
Sobre ontem, acho que estou ficando velha. Acho mesmo. Não tem jeito. Programa bom é museu, teatro, filme, dança/música, parque, jantar com os amigos, barzinho e violão, ou um bom show. Sentar e conversar sem ter que arrebentar as cordas vocais. Ouvir boa música num volume agradável. Pronto. Passou disso já dá canseira. Porque é tão difícil as pessoas gostarem disso também, meodeos?
Vamos no Kapelle? “Ain, lá é vazio”. E no Ponto Final? “Ain, só toca música de velho.” E no Mambembe? “Ainnn, lá só dá velho”. Café do teatro? “Ain, só dá gay”. Pff, tá, você quer ir em algum lugar trilha-jovem-pan com um monte de desesperados que procuram beijar a maior quantidade possível de bocas, e você pretende ser uma delas... é isso? [a famosa cena: o que você queria dizer? Volta. O que você, de fato, disse?] E nessas horas é melhor nem dizer nada.
Eu cansei mesmo dessa juventude. Cansei mesmo dos alternativos. Amiga liga. “Vamos no VU?” Ãn? Onde? “VU.” É bom? “Não sei, nunca fui!”. Tá, tô indo aí. (minutos depois) O que tem lá hoje? “Aniversário da **”. Da quem? “Da **, não lembra dela? Trevosa, do mal, yé”. Ah! ¬¬ Trevosa, que só freqüenta bar alternativo, não lê nada que não seja Buchowski e se acha a filósofa por isso. ¬¬. “Essa, isso! É, aniversário dela!” Posso adivinhar? VU é um bar super alternativo. Acertei?....
Acertei. Lugar superescuro, superlotado, com música estranha superalta, e a gente tinha que berrar horrores pra conseguir conversar. A população indie-design de Curitiba estava inteira lá. Não que estudantes de design sejam indies. Não são. Os meus queridos designers não são. Mas a população-pseudo-cult-que-se-acha-deus-do-design é indie e chata demais. Estavam todos eles lá. “Oh, como sou underground. Eu só ouço música estranha que ninguém conhece. E se muita gente conhecer eu deixo de gostar. Eu só freqüento lugares estranhos, eu corto meu cabelo igual ao dos Beatles, vou beber até vomitar o bar inteiro. Ai, eu sou retrô, falo 10 palavrões em cada frase, sou doida pra caralho e minha mãe acha que eu sou lésbica. Uau, eu sou revoltada, uau, eu mando em mim, uau, eu acabo de tirar foto com cara de drogado com meu rímel escorrendo até o queixo, eu sou decadente, eu sou foda, uau, eu me comeria”. Não tenho mesmo paciência pra isso. Dá pra gostar de coisas antigas, dá pra ouvir Beatles, dá pra usar allstar e melissa, dá pra usar verde com vermelho, dá pra ouvir música antiga sem pagar uma de alternativinho-que-despreza-não-alternativinhos. Quem ouve Bob Marley tem que vestir blusa da Jamaica e fumar maconha? Quem faz Design tem que se vestir estranho e ser homossexual? Quem ouve rap tem que se vestir e andar que nem maloqueiro? Quem curte metal tem que se vestir de preto e deixar o cabelo crescer? Quem faz biologia tem que ter dreads, tocar maracatu e cheirar clorofórmio? É absurdo isso, pra quê criam tantos esteriótipos, e por que ainda tem gente que faz questão de se esteriotipar?
(Thiela e eu) "¬¬ Cara, tô de férias, nããão, nãão, por favoooor." Ai. 00h agora, ainda, putz. "00h30, o tempo se arrasta" (fala de GD, fala de teoria da cor, falafalafala, aê, que legal.....) cara, minha garganta tá doendo, não agüento mais berrar. "01h. Nossa, o que é isso? Minha cama tava tão boa." E meu Rubem Fonseca também. "Maldita hora em que resolvemos sair de casa, hein, Carol, tava ótimo conversar em casa." Nem me fale, nem me fale. "Acho que tô ficando velha." Eu sou velha, há muito tempo. "Velhice precoce, tá na comunidade?" Ô, hoje e sempre. Tem aquela também “sem ritmo pra amigos agitados”, já viu? "Não, mas concordo." [interrupção alheia: olha só que gatooos, a gente tirou foto com cara de drogado, hahahahah, que legal, olha, hahahahaahuahaua, vai pro Orkut, meooooo, muito massaaaaa] é, massa ¬¬. E assim foi. Uma eternidade a cada meia hora. 02h! Pronto, deu, aí agora a gente arrasta o Jan pro lado de fora, vamo? "Vamo. Um, dois, três... "
Ah. Cansei desses bares alternativos todos iguais (seria linchada agora pela população indie se eles lessem isso, como assim bares alternativos são todos iguais? =O Adivinha!). Não entendo essa diversão tão vazia, esse jeito de viver tão vazio, essa busca por coisas tão vazias, essa ocupação com hábitos tão vazios. Não me refiro só a bares alternativos, claro que não. Me refiro a essa aglomeração de pessoas sem objetivo nenhum que se unem pra se destruir em algum lugar, pra se embebedar até cair, pra agarrar todo mundo e não lembrar. Sinto uma agitação tão estranha nesses ambientes, algo se balança de um jeito esquisito dentro de mim, me sinto quase nauseada e tudo que eu quero é sair correndo, deitar na cama em silêncio até passar.
Mudando de assunto, dependendo do ponto de vista, descobri outro remédio bom pra qualquer coisa: Toquinho e Vinícius + tinta + pincéis. A cura pra minha superchatice de sexta-à-quarta da semana passada. Agora estou aqui. Nada como conforto e silêncio. O céu está perfeito (“já viu o céu hoje?” *.*) e eu estou descobrindo artistas maravilhosos. Minha irmã viajou. Minha mãe finalmente voltou a ouvir músicas. E está o maior sossego aqui. Tranqüilidade e ótimas músicas que me surpreendem a cada minuto. Mesmo assim não consigo largar do meu novo (velho) vício. Pelo menos uma vez por dia rodo o mesmo cd. Estou adquirindo vários novos-velhos vícios. Uma realização só.
Agora, as ruas estão quase inteiramente vazias. Dia ideal pra sair andando. Mas é domingo, eu sou menina , sou caçula, e Boa Vista é o bairro dos manos. Acho que vou pelo menos pra quadra do prédio com o meu Fonseca, ler debaixo do sol. Apesar de que nunca mais voltei lá. Há muitosmuitosmuitos meses não volto lá e nem sei se quero voltar. Não sei no que vai dar, não sei se vai fazer bem. Por isso me enrolo e adio. Fico aqui escrevendo, ora no Word ora no papel, selecionando músicas, copiando CDs e olhando o céu pela janela.
Isso às vezes me incomoda. Tantas coisas que deixei de fazer porque não consigo fazer de novo. Tantos lugares de deixei de visitar porque não consigo visitar de novo. E aí, como vai ser? E se mais lugares ficarem marcados com coisas boas, e se eu deixar de visitar mais lugares só pra conservar o passado? E se eu continuar trocando de perfume o tempo inteiro pra deixar as lembranças ligadas a eles sempre intactas. E se eu continuar parando de ouvir algumas músicas com freqüência só pra não marcá-las com novos acontecimentos? A trilha da minha viagem do começo do ano nunca mais parou no meu Mp3 player, pra não desmarcar aqueles dias. Jack Johnson é ouvido três vezes por ano, no máximo. “Universo ao meu Redor” nunca mais parou inteiro no meu player. A trilha da minha viagem pra Manaus já foi guardada também. Quantos perfumes estão encostados no armário? Quantos hábitos foram deixados de lado? Quantos lugares nunca mais visitei? Não sei se é bom ou ruim isso. Às vezes parece meio doentia essa minha forma de conservar o passado. Se continuar assim, talvez um dia todos os lugares fiquem marcados, todos os programas fiquem marcados, todos os perfumes, todas as músicas. E aí eu vou precisar fugir de Curitiba, ir pra longe e ser outra pessoa, só pra não me torturar com a saudade esbofeteando meu rosto a cada minuto.
Não sei, não sei mesmo. Às vezes não sei mesmo o que fazer. Não dá pra mudar assim o tempo inteiro, arrumar sempre coisas novas pra fazer só pra não ter que fazer as mesmas coisas de antes, só por medo de mudar a forma de olhar o passado. Dá a impressão de que um dia vai estar tudo saturado de memórias, e eu, com essa mania desesperada, vou querer manter tudo intacto. Aí eu me afasto pra assim mantê-los, e não sobra lugar pra mim. Dá a impressão que vou acabar num sofá imóvel, sem fazer nada só pra manter meu passado intacto. Parece que uma hora vou deixar de viver só pra manter vivo tudo que eu vivi (que bagunça essa frase). Quando eu tiver vivido quase tudo que eu quero, não vai ter mais espaço nem físico nem psicológico pra minha vida, e isso vai me espremer, me apertar, vou me ver sufocada por toda a minha história, como se não coubessem mais novas histórias por não querer mexer nas antigas. Não deveria ser assim. Talvez eu deva achar logo uma solução.
Nunca acreditei nessas coisas, mas vem passando pela cabeça muitas vezes o momento em que meu professor de Yoga, sem saber nada sobre mim, sem saber nada sobre a minha vida, resolveu puxar uma mandala pra mim sobre as decisões que eu precisaria tomar nesse ano. Ele segurou a carta e disse “Está na hora de você se desapegar do seu passado e olhar pra frente.” Há seis meses penso nesse dia e até hoje não sei direito o que eu penso a respeito. É algo que eu tenho e não gosto de ter. Eu mastigo a idéia e me calo até ter certeza do que eu penso. E quando me convenço de algo, me calo por não ter coragem de falar, ou por não saber como falar, ou por achar que não é necessário falar, pelo menos não da forma que me vêm à cabeça. Enquanto eu não entendo, parece tudo tumultuado, conflituoso. Enquanto eu não entendo, parece difícil de pensar. E aí todo mundo me encurrala, me interroga, minha cabeça roda, eu não consigo responder, e aí fujo, mundo de assunto, enrolo, ou digo “não sei, não pensei o suficiente”. Tantas vezes isso acontece. Tantas vezes nesse ano e no passado e no passado e sempre na minha vida me fazem perguntas que eu não consigo responder. Eu me vejo rodeada pelos minhas próprias contradições e não consigo balancear os lados pra descobrir o que eu penso, não rapidamente, não no intervalo pergunta-resposta.
Vim escrever aqui pra tentar resolver mais uma falha minha, só que dessa vez acabei achando mais um monte de falhas sem resolver nenhuma. Geralmente as coisas se resolvem quando eu escrevo. Entendo tudo melhor quando escrevo. Penso melhor quando escrevo. Mas, agora, acho que preciso ir pensar de alguma outra forma.
Lembrei do semestre passado. No bar, conversando com o Russo, comecei a contar da época em que eu fiz terapia. A psicóloga falou “você não precisa de mim, você entende bem demais tudo que está acontecendo com você”. E o Russo comentou, com um ar que se alternava entre compreensão, brincadeira e crítica: “Também... pensa pouco! Toda hora que a gente te olha você tá em silêncio divagando. Eu acho que vou te dar um pouco da minha tagarelice e pegar um pouco da sua mania de pensar...” Não sei se me entendo tão bem assim. Continuo achando que a mulher que era incompetente e não conseguia enxergar nada além do óbvio.
Minha mãe acaba de entrar no quarto. Ela falou: “Carol vai treinar! Eu falei pra moça do conservatório que você ia treinar ‘Aquarela do Brasil’, ela falou que acha que você vai entrar no avançado, vai treinar, vai treinar!”. =O Capaz, elas estão viajando! Muita pressão, meodeos. AMANHÃ É MEU TESTE, Ó CÉUS, TINHA ESQUECIDO! Vou treinar, tchau!
PS: Pra quem leu até aqui (se alguém ler até aqui), foi mal a acidez e a chatice do post.
Auge do final de semana:
- Aaaaaaaaaahhhhhhhhhh, você tem muito bom gostoooooo, aaaaaaaaah, fofíííííssimo, muito muito muuuuito fooooooooofo, ahhhhhhhh, a-d-o-r-e-i, ahhhhh! AAAAAAAAAAAAH, ahhhhhhhhhh (...)
- É...A-alô? Alô? Cássia? Alô?...
domingo, 29 de junho de 2008
"pras crianças do marrocos comerem cho-cho-cho-chocolate-te..."
sábado, 28 de junho de 2008
"corre corre corre corre corre, u-u-ú-uh!"
[madrugada de quarta-pra-quinta] Meu mock-up não fica pronto nunca nessa vida. Tenho que ficar acordada esperando a tinta secar pra eu pintar o outro lado pra secar pra eu passar verniz pra secar pra passar do outro lado pra secar pra quem sabe passar verniz tudo de novo pra quem sabe chegar as 7:30h no cefet. São 5 peças, pintadas de um lado e de outro, e agora estou na terceira demão, o que contabiliza TRINTA passadas-de-tinta com o mesmo rolinho-lavado-30-vezes. 30 de tinta e 10 de verniz, ó céus! O que me resta é escrever enquanto seca. Vou pôr aqui algo que eu escrevi em papel na segunda (se eu achar o papel, só um minuto..).
[21:05h de segunda] Chego em casa coberta de madeira, moída e em pânico. Me joguei na cama pra descansar, mas deu vontade de escrever. (Pc ocupado, abre caderno) Escrever em papel é divertido. Muitas coisas ficam transparentes, coisas que não aparecem no texto digitado. O mais interessante é quando a cabeça corre à frente da mão. Algo em mente precisa ser escrito mais adiante e, para não esquecer, a mão se dirige rapidamente até o fim da página, rabisca displicente três ou quatro palavras-chave e volta ao ponto de partida. Deve ser legal, depois de anos, olhar essas palavras-chave e observar, logo abaixo delas, o desenvolvimento da idéia. Pode ser que essas mesmas palavras tenham qualquer outro significado quando lidas mais tarde. E eu agora rodeio falando sobre escrever em papel enquanto gostaria de falar sobre qualquer outra coisa. Acho que enjoei de mim. 21:23h (uma pausa pra descansar da minha voz interior).
[de novo, madrugada de quarta-pra-quinta] Lembro que eu tinha muito sobre o que escrever nesse dia. Escrevi palavras-chave no final da folha, mas acho que vou deixar pra outra oportunidade o desenvolvimento delas. A última coisa que lembro foi de ficar irritada comigo, fechar os olhos pra descansar sem pensar, e só. Desmaiei. As 21:24h eu já estava dormindo muuuuuuito. Ultimamente vem sendo assim. Quando eu penso em deitar, já estou dormindo.
Mudando de assunto, morei no cefet nos últimos dias, chegando às 7:30h e saindo às 22h. Trabalho braçal na marcenaria, fura, corta, cola, lixalixalixa, passa massa, espera secar, lixalixalixa. Resultado: estou toda dolorida e tenho um dedo que quaaaaase foi mutilado na serradeira. E, de tarde, depois de fazer furos errados, tive meu giga surto de gargalhadas-malígnas+choro-compulsivo em público, e mais de uma vez por dia! O que um mock-up não faz com uma pessoa? Eu quis tanto um abraço! Quis tanto vários abraços! E nenhum deles estava por perto. Aí eu fugi. Fugi e liguei pra minha carioca. 8 reais em 4 minutos de interurbano (roubaClaro roubaClaro).
- Gata, como você está nesse fim de semestre?
- Tô f*dida, muito, meodeos, você não faz idéia, Lu, nossa, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh.
- Você não tá mais fodida que eu, ninguém tá.
- Claro que tô! Eu tenho 14 coisas pra entregar só nessa semana!
- C*-r*-lho! (porque mocinhas viram meninos em fim de semestre mesmo)
- Eu quero a nossa 8ª série de voltaaaaaaaa! (choro histérico, engenharia cefetiana olhando com cara de medo)
- Eu tambééééém.
Cheguei em casa e falei empolgadamente: “QUEM QUER PINTAR MADEIRA COMIGO LEVANTA A MÃO!” Ninguém levantou ¬¬.
E é isso. Estou sem internet no quarto. Logo, não faço idéia de quando vou postar isso aqui. Não faço idéia de como vou estudar pra prova de Materiais da segunda (a matéria está toda na internet). Não faço idéia de quantos dias eu vou fazer caber nesse post. Não faço idéia.
O resumo da semana foi: dias morando na marcenaria (é divertido e terapêutico quando tudo dá certo, o único problema é quando a gente inventa de errar), aniver da Lílian (e todos os momentos divertidos e bonitos envolvidos), mock-up que quaaase ficou perfeito até resolver me boicotar e grudar o verniz em um monte de folhas e soltar tinta e e e e ficar feio (também tava uma delícia de fazer até começar a dar errado), apresentação cabreira diante das duas-mulheres-mais-fodas-do-universo+câmera-filmadora (não seria tão ruim se minha proposta não fosse tão ruim), piras-de-sono, conversas com a música do Lenine (efeito da pira), biarticulado que pisca e se mexe freneticamente pra frente e pra trás enquanto está parado (efeito), pessoas não existentes que surgem no meio do filme do meu lado durante alguns vários segundos e desaparecem de repente (segundos suficientes pra perceber que não foi um vulto apenas, foi uma alucinação de sono), andanças e reflexões, alegria e pânico, expectativas e frustrações, orgulho e fracasso. Nessa semana eu passei por todos os estados de humor, senti tudo. Se não fossem momentos maravilhosos entre um surto e outro (;p), seria mais difícil chegar até o final. E ainda bem que a semana acabou porque não agüento mais essa loucura de reagir diferente a cada segundo.
Ontem (sexta) foi um dia semibom. A temperatura ambiente estava ótima. O céu era um céu qualquer, azul enxaguado com várias nuvens, mas a temperatura era boa, a música era boa e foi ótimo sair andando. Não andei sem rumo porque tinha coisas marcadas pra fazer, mas fui andando até os locais aonde precisava ir. Estava tudo muito bem até entrar em casa. Vem sendo difícil entrar em casa. Algo dentro de mim começou a fervilhar e eu estava prestes a explodir, com um nó preso na garganta que me segurava e me impedia de falar, de gritar, de chorar, de qualquer coisa que pudesse aliviar o peso. Tentei vários tipos diferentes de respiração, resgatei os exercícios da yoga, comi chocolate, bebi água, uma dose de licor de maracujá, tentei dormir, assisti o DVD do “Cócegas” (é chato, não aconselho), ouvi música, toquei piano durante umas 2h e nada, nada tava me acalmando. O piano foi a última tentativa e ajudou bastante, mas não o suficiente. E aí eu arrastei minha irmã pro cinema. O filme (Sex and the city) estragou o seriado, óbvio, porque estragar livro é coisa do passado, a moda agora é estragar seriado (não acredito, agora vou ficar com aquele funk ridículo grudado na cabeça... e vocês também auahauhaua =p). Mas foi bom. Eu me acalmei, voltei pra casa e desmaiei (meus pesadelos começam a me irritar ¬¬). Agora vou terminar de desfazer minha mala (é, ainda não terminei). (15h)
(21h31) Agora estou aqui. A internet voltou \o/. Deveria aproveitar pra fazer download da matéria da prova, mas em vez disso resolvi escrever nada-com-nada aqui, com licor de maracujá de um lado, esmalte do outro, com KT Tunstall rodando no som. Ela é tão legal! Aproveitei que quase não tenho mais o que fazer pra ficar deitada prestando atenção na letra das músicas.
Fiz algo bom hoje. Não foi “Nossa, Carol, que bom o que você fez!”, mas pra mim foi bom. Me desapeguei um pouco de coisas, mais especificamente de roupas. Huhauahua. Ai, que vergonha. Esperem, não é tão fútil quanto parece. Eu tinha um monte de roupa guardada que eu não uso e nem nunca vou voltar a usar. Mas estavam guardadas porque têm história, têm muito valor emocional. Marcaram coisas muito boas, de épocas e épocas, e eu guardava tudo, desde 2003. Alguns dias atrás, percebi que elas não podiam mais ficar ali, pelo menos não todas elas. Estava me enrolando pra desfazer a mala do N porque não tinha como arrumar as coisas da mala sem me desfazer de várias roupas antes. Hoje, resolvi dar um jeito nisso. Foi difícil, demorou um monte. Cada peça que eu pegava era pelo menos 10 minutos pensando, lembrando tudo que aconteceu, pra decidir se eu conseguiria ou não me desapegar. Aí peguei um saco, e comecei a contar: “Uma... duas... três... Quatro... Não, não, essa não pode ser a quatro, não, essa não. E agora? Guardo ou não guardo? Ah, vai, quatro...” E por aí foi, até a n° 25. =O Calculei que eu só conseguiria chegar até o número 15, e cheguei ao 25. Com muito esforço, mas cheguei. Claro que ainda tem umas guardadas, e essas vão ficar guardadas pra sempre, não me desfaço delas de jeito nenhum. Tem umas 6 peças-lembrança ainda, acho que não faz mal mantê-las na gaveta. Mas manter 31 peças-lembrança é exagero, nada mais cabia no armário, e eu tive que me soltar.
Foi bom. Me sinto mais leve. Sabe quando dá um orgulho de ver o que a gente fez? Terminei de arrumar tudo e fiquei com orgulhinho de mim. Foi um passo importante que desde sempre soube que teria que tomar, cedo ou tarde, desde Recife, desde os meus 13 anos, e sempre deixava pra mais tarde, sempre adiei. As lembranças vão estar sempre comigo, eu sempre as levo comigo. Elas sempre fazem parte do meu dia, às vezes menos, às vezes mais. Nessa semana, minha oitava série fez muito parte dos meus dias. Saudade gritante da minha Lu-carioca e da minha Lyz. Todos os dias, pelo menos uma vez, sentia uma necessidade quase vital de tê-las do meu lado, de abraçá-las. E já que, emocionalmente, minhas lembranças estão sempre comigo, conservá-las dessa forma tão material não faz sentido. Fico feliz por ter dado esse passo. Sinto como se começasse a organizar melhor minha vida, minhas emoções, minha forma de lidar com emoções.
Agora uma veia começou a saltar freneticamente no meu olho direito. Não consigo mantê-lo aberto. Mostrei pra minha irmã, ex-acadêmica de enfermagem, e ela me olhou em pânico: “CAROL, MEODEOS, ISSO É ESTRESSE. MUUUUITO ESTRESSE. SEU SISTEMA NERVOSO TÁ PIFANDO! VAI DORMIR! VOCÊ NÃO VAI ESTUDAR PRA PROVA AGORA, EU NÃO DEIXO. TOMA ESSE CALMANTE AQUI, TERMINA ESSE SEU LICOR DE MARACUJÁ, E VÁ DORMIR, A-GO-RA!” =
Pérola do meu sobrinho nessa semana:
- Paulo, vai fazer tarefa!
- Mas, vó, eu tenho que brincar! Eu tenho que aproveitar pra brincar enquanto eu sou cirança. Porque depois, quando eu virar adolescente, eu tô ferrado. Vai ser só trabalho, um monte de trabalho, um atrás do outro. Eu não vou poder mais brincar, nem dormir.”
Me desespero porque traumatizei meu sobrinho ou fico feliz por poder ensiná-lo com antecedência como é a vida de gente grande?
Vou lá (ai, que saudade de Pernambuco, nunca mais tinha falado isso), vou obedecer minha pseudoenfermeira particular.
Melô do Designer. Tava ouvindo nessa semana, e tudo se encaixou. O vídeo deve estar com uma qualidade tosca, mas tá valendo.
domingo, 22 de junho de 2008
despedida momentânea, até próxima semana.
(18:33h) Vou ficar aqui até amanhã cedo, até a hora de ir pra aula. E amanhã também, depois também, depois-depois taaaambém. Indo direto ao ponto, esse é o meu último post ever, até o próximo fim de semana ou até as férias. Passei um tempo escrevendo quase que diariamente, mas agora ficou impossível. E agora me deu sono, tudo que eu precisava pra conseguir fazer meus mil desenhos de representação pra entregar amanhã. Descobri ontem que minha lista de afazeres cresceu! Há duas semanas tinha 19 itens. Fiz várias coisas, entreguei várias coisas e ontem, juraaaando que estaria pela metade, refiz a lista e contei 17 itens. 14 deles serão entregues nessa semana. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah meodeos. Não dá, nããão dá.
(19:32h) Acabo de riscar um item da lista. \o/ Viva o sulfurizé! Meu único problema vem sendo achar imagens boas o suficiente pra serem decalcadas. Nossa, tudo está ficando pronto muito rápido. Talvez dê até pra dormir bastantinho! Meodeos. Como eu nunca pensei nisso antes? Poderia passar nessa matéria do cão com uma super nota sem esforço! *Acabo de descobrir que desenhar com 6b direto, rápido e sem apagar, é super legal.
(20:12h) Ontem não achei a lua. Não dava pra vê-la daqui. Fui pro piano e toquei até cansar. Minha mãe falou: “minha filha, você tá tocando mais bonito!”. =O Mais um fator interessante pra avaliar. Acho que vou começar uma lista de fatores interessantes porque ando sem tempo pra pensar, mas acho que deveria pensá-los todos quando desse. Agora está ficando tarde, daqui a pouco tenho que desligar a música do quarto, quero ouvir arquivos que só tenho no pc, E O DISPOSITIVO DE SOM NÃO FUNCIONA! PÂNICOOOO! Como assim? O que será da minha madrugada sem Badi Assad?
(21:03h) Segundo item riscado da lista. Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Viva o senhor Google. Viva o bendito ser que inventou o sulfurizé. Vai ganhar um puta abraço meu quando eu chegar no céu (hohoho, ou sabedeus onde). OK, vou parar de contar detalhes sobre os meus trabalhos, foi mal.
(21:51h) Pausa. Estou desesperada por um café.
(22:24h) Antes que vire segunda-feira, o dia de hoje merece destaque. Maravilhoso! Feirinha, exposição no Memorial, apresentação inesperada de tango (meodeos, =O, que sorte a nossa, perfeito-perfeito-perfeito), mini-aula inesperada de tango (ao lado da professora de Materiais, =O, como assim? Se alguém filmou, me avisa!), Imin Matsuri no Barigüi, domingo inteiro fora de casa mandando os trabalhos pro espaço em ótima (ênfase no “ótima”) companhia ;]... muuuuuuuito booom! E, e e e e... ah, e se o dia tivesse mais 12h, eu passaria mais 12h assim com você [vai, Murilo, pode tirar com a minha cara].
(22:54h) Acabei! Não acredito! Em breve, vou dormir. Ó céus! Até meia-noite eu consigo. Beijotchau!
Badi Assad. Belíssima voz, belíssimo violão. Pra vocês conhecerem.
sábado, 21 de junho de 2008
sem título por hoje
Eu fico em silêncio, querendo falar, mas me contento em falar em silêncio. Tenho muitas vontades, mas não faço nada porque, como se estivesse doente, qualquer movimento parece difícil demais. E aí eu sento, fixo o olhar em um ponto, e talvez demore bastante até pra piscar. Fico assim, imóvel, por horas e horas. Tenho a sensação de que não penso em nada. Mas penso em muitas coisas. Só que de uma forma diferente da habitual. Penso e assisto. Não mergulho na história, não participo, finjo não me importar. Assisto como a um filme. Mesmo as coisas importantes eu finjo que não importam no momento. Sei que importam, penso que importam, mas não as deixo chacoalhar dentro de mim porque não quero nada se mexendo, quero estabilidade. Mais que isso, quero me sentir imóvel, por dentro e por fora, até cansar e querer me mexer. Só vejo algo passar pela minha cabeça até que surja outro pensamento. E se alguém perguntasse “no que você tanto pensa?” eu responderia “em nada” porque nenhum pensamento perdura tempo suficiente pra que eu possa dizer que foi pensado. E é uma percepção tão desatenta que se algum barulho forte me tira do meu estado de autismo eu já não consigo lembrar do que eu pensava segundos antes.
Nesses dias, o mais comum é criar histórias. Eu crio histórias com personagens conhecidos. Imagino as cenas como se eu fosse gravar um filme mesmo. Escolho o melhor ângulo, as melhores cores, o melhor momento do dia. Penso o cenário e aí imagino as pessoas sentadas no escuro, em silêncio, encolhidas comovidas, chorando ou sorrindo.
Parece algo deprimente, mas nem é. Acho que é um dia meio sem emoção em que eu finjo ser ninguém. Pode ter emoção também. Mas é uma emoção bem passiva, bem tranqüila e quieta. É um dia pra ficar de frente pro mar sentindo a brisa, ou pra sentar na grama, debaixo do sol, fechar os olhos pra sentir a luz bater, pra sentir melhor o calor. Só sentir em silêncio, sem movimento. Sentir com todos os sentidos separada e demoradamente. É um dia que começa muito mal. Mas depois de ficar imóvel por muito tempo, tudo acaba adquirindo uma profundidade una. Apesar de pensar muito superficialmente, às vezes em situações que nem existem, a vivência é profunda. As sensações são intensas. O sol esquenta mais gostoso quando há silêncio. O barulho dispersa. Em silêncio, tudo se volta pro sol, tudo se concentra no sol, o sol se concentra inteiro na pele e tudo parece infinito. É um momento cheio de paixões, acho que isso descreve bem. Paixão pelas coisas pequenas, simples, que estão sempre ali e ninguém pára pra sentir ou olhar. Paixão pelo calor do sol, admiração, contemplação da condição de estar vivo.
Acho que ter ou não emoção num dia como esse é questão de escolher. Depois de começar a escrever cheguei à conclusão que pode sim ser emocionante. Esse texto está cheio de contradições, mas é porque eu nunca parei pra pensar no que acontece nesses dias. Nunca tentei pôr em palavras, definir, entender como eu me sinto. Sentar na grama, debaixo do sol, e ficar imóvel em um abraço, isso seria cheio de emoção. Emoção silenciosa aos ouvidos, mas gritante, cheias de palavras que nem precisam ser ditas.
Hoje acordei assim. Pessoas e barulho a minha volta. Sem perceber, por muitas vezes, me desliguei e fiquei parada pensando sem nem prestar atenção no que. Voltava de novo à realidade, falava, sorria, me divertia, mas não é dia mesmo pra falar. Senti que era o dia ideal pra voltar pra casa andando beeeeeem devagar com o sol no rosto e a música tocando baixinho no ouvido, delicadamente. Sentei no sofá com o sol entrando pela janela. O céu estava lindo. O sol estava maravilhoso! Fiquei assim por muito tempo, sentada na mesma posição pensando em tudo e em nada. Até o céu fechar e eu desistir de voltar andando. Me arrastei até o ponto de ônibus ouvindo Rita Lee (no seu cd de bossas) sem me dar conta dos carros passando. No meio do caminho de casa, percebi que não sabia que músicas já tinha ouvido. Lembrava de ser Rita, mas não lembrava de nada mais especificamente. É gostoso fazer isso. Descansa. Um dia pra descansar de mim. Depois de passar a sexta fazendo trabalhos detestáveis até a madrugada, foi bom passar o dia assim.
Cheguei em casa: barulho demais pro meu dia. Tive vontade de dar meia volta e achar qualquer lugar, de preferência bastante bucólico, pra formular frases e esquecê-las logo em seguida. Pra decidir falar coisas e desistir logo em seguida. Pra criar diálogos e rir deles logo em seguida, daquele jeito quase imperceptível, mais por dentro do que por fora. Os olhos parados, a boca quase não se move, meio sonhadora meio desacreditada. Aquele sorriso de quando vemos uma criança escrevendo cartinha pro Papai-Noel. Lentamente, a boca se arqueia só de um lado, de leve, só pra deixar a dúvida. Foi ou não foi um sorriso? Me perdi debaixo do chuveiro, de novo esqueci de tudo, ou pensei em tudo de novo desatentamente. Água quente e sol na janela: remédio bom pra qualquer coisa. Depois cheguei no quarto, fechei a porta, e liguei Toquinho e Vinícius no volume quase mínimo. Desde então meus únicos movimentos são os de digitar.
Me arrepia essa casa escura. Dá a impressão de que estão tentando se esconder ou ignorar a vida lá fora. Eu já tive motivo pra fazer isso. Não motivo pra me esconder e ignorar a vida. Não que fosse um motivo. Mas era uma justificativa, pelo menos. Apesar de que a palavra não é essa. Era algo que explicava, ainda que quase ninguém entendesse. Enfim, foi comigo, não com eles. E são eles que fecham as cortinas. São eles que não deixam ninguém ver o que vem de fora. Quando o escuro passou a me incomodar, já há bastante tempo, eu acordava e ia de cômodo em cômodo abrir as cortinas pro sol entrar. Pouco tempo depois, estava tudo escuro de volta. Eu quero escancarar as janelas, pôr a cabeça pra fora, deixar o vento e o sol entrarem. Eu faço isso. Aí, eles vêm e fecham tudo, e eu nem sei se estou ou não metaforizando. Não estava, a princípio.
O dia está gostoso. Há um ano, não era assim. Noites de pesadelos me faziam mal não só na hora que eu acordava como no dia inteiro. Bom que hoje foi diferente. Estranho, mas diferente, e um diferente bom. Mais uma surpresa. Agora vou publicar isso, já é noite. Esse cd é muito bom. O ideal agora é sentar na varanda com essa música e a lua (que anda linda nesses últimos dias, já pararam pra observar?). Ou tocar piano, seria bom também.
Tarde em Itapoã. Todo mundo conhece. Mas acho que ela merece um espacinho aqui. Tem o ritmo e os acordes perfeitos pra um dia como esse.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
"cái a taaaardee, a tarde todaaa, na velocidade da luz..."
Nesse momento (3:30h), ouvindo Elis Regina, espero a aquarela secar pra mais uma camada, depois de errar uma ilustração inteira (que tomou 2h da minha jornada), depois de virar a casa atrás dos meus pincéis, depois de uma tarde me dedicando inutilmente à geometriadescritiva. A notícia boa é que as idéias que me faltavam chegaram logo. A ruim é que eu inventei (mais uma vez, esqueci que da última bateu o arrependimento) de ilustrar com aquarela. Tudo bem que os efeitos são tudo de bom, é a técnica mais linda do universo, maaaaaaaaaaaas, como disse a professoraperfeitaLuciana, o ideal é fazer uma meditação antes de encostar na aquarela. O que significa que tudo começa muito bem até aparecer o sono, e aí fica nítido no papel o que você fez ou não com lucidez. Sem contar que a espera entre uma camada e outra torna o sono inevitável e a noite muito mais longa, porque o que eu teria feito em 2h (com Magic color) eu fiz em 9h. Aí, metade do meu brinquedo ficou linda, a outra metade ficou zoada. E quem vai corrigir? Só as duas professoras mais perfeitas da UT, só as duas melhores ilustradoras do Paraná. (pânico)
Ontem (segunda) foi um dia maravilhoso. Mesmo sem dormir. Tirando o frio desgranhento, tirando as malditas aulas, foi um ótimo dia. Pra começar, não tive sono. Não dormi fazendo trabalho e fiquei super bem pela manhã, pasmem. Se não fosse o fato de ter que pegar ônibus num frio de 2º, estaria bem-humorada, inclusive (=O uau). O céu estava per-fei-to, o sol estava uma delícia. E aí ganhei uma pulseira linda de um jeito meeegafofo (ênfase no megafofo). Agora juntem isso ao céu perfeito, ao sol (belo, azul) e entendam as reticências...
Depois da aula, não quis voltar pra casa. Rodei no shopping (nenhuma loja incentivou meu consumismo, achei interessantíssimo, mas depois penso a respeito), pensei em ir ao cinema, mas com o céu tão perfeito eu precisava andar. Ouvindo o álbum “Cantada” da Adriana Calcanhotto, num dia bonito, a maior necessidade que se sente é a de andar sem rumo, de preferência berrando “cái a taaaaarde, e tudo paaaaarda”, mas não dá pra cantar assim na rua, então eu me contento em ouvir a música. O plano era andar até cansar, até dar vontade de ir pra casa, até querer pegar ônibus, até querer parar (traduzindo: o plano era andar até o MON, sentar na grama e pensar em nada).
No caminho, esbarrei com meu amigo, o Jan, e fui fazer companhia pra ele enquanto ele alargava a orelha comemorando a aprovação no teste do DETRAN. Literalmente arrombaram a orelha dele, meodeos, aquele cara não sabia o que tava fazendo, tenho certeza. Tirou litros e litros (mó cena Kill Bill) de sangue, ui. Pelo menos o nervosismo pré-piercing não foi descabido, hauahuahua, que mórbido!
Enquanto o Jan perguntava, de 5 em 5 minutos, “minha orelha ta sangrando?” intercalando com frases como “dói pra caralho!” ou “Carol, tá ardendo...”, decidimos fazer hora no Café Mafalda. Fechado. Café do Teatro. Fechado. Casa Lilás do Largo. Fechado. Fomos ao Mueller de uma vez, com um refil de coca do burguer king, cenas hilárias e algumas risadas. Depois disso dormi pra sempre. Meus professores diriam que foi um dia inútil porque fiz zero das coisas que deveria, mas foi super bom.
Trecho resumido de um dos diálogos de família durante minha hibernada. Se repetiram várias vezes.
Mãe: - Carol, você tem trabalho?
Eu: (pausa pra acordar e processar a mensagem) – Teeeennhhoo (duração de 10 segundos, aproximadamente)
Mãe: - E é pra quando?
Eu: - Provavelmente amanhã.
Mãe: - E você não vai fazer?
Eu: - Talvez.
Mãe: - Talvez quando?
Eu: - Não sei. Talvez não-agora.
Mãe: - E se você dormir até amanhã?
Eu: - Aí eu faço amanhã.
Mãe: - Não é melhor hoje?
Eu: - Não. Melhor hoje é dormir.
Mãe: - Mas, filhinha, e se você estiver sonâmbula e não sabe o que tá falando? Eu acho que eu deveria te acordar. Você não acha?
Aiai. =p
Hoje (terça) o dia começou com um sermão militar (patético, por sinal) do professorzinhoafetado. Resumo da manhã: não sei indesign (ai!) e não assisti ao filme-pastelão da aula de tecnologia sobre o qual teremos que escrever na semana que vem. De tarde, surtei em vão com GD, esculpi em vão tabletes de sabão com estilete (e tive meu protótipo 100% menosprezado pelo professor. Nas palavras dele -> “MEODEOS! Você não consegue fazer melhor? Se você me entregar ‘ISSO’ sua nota vai ficar baixa” ¬¬). Ou seja, me internei em vão na sala. Depois voltei pra casa, dormi duas horas, assisti a um filme, pensei na vida, comecei o trabalho, e depois de comer um miojo as 4h da madrugada, desconfio que Design não faz nada bem a saúde. Eu até tinha algo interessante pra escrever, mas vou lembrar com que cérebro?
Pois é. A faculdade me enlouquece, mas está tudo seguindo bem. Estou feliz com várias coisas. Uma delas é que percebi que bastante gente, mais do que eu esperava, torce por mim, de verdade, vejo nos olhos. Minha saúde está se esvaindo, hauahuahua, meu organismo clama por férias, mas, fora isso, está tudo muito bom, muuuito bom (ênfase no ‘muuuito bom’ =p). Agora ‘me-vou’ antes que não dê tempo de terminar os trabalhos (como se tivesse algum tempo).
Nota de hoje (quarta): Dia inútil. O tempo voou e eu nem vi. Quando dei por mim eram 10h da manhã e eu ainda estava em casa. Fiquei, durante 12h, fazendo o pior trabalho da minha vi-da. Ficou um li-xo. E eu entreguei pra Maristela. Logo pra Maristela. Se fosse pra Joselita, tudo bem, mas a MARISTELA! Ó céus. Já cansei de escrever aqui que eu dormi, parece que eu só faço isso. Dormi a tarde inteira, é, e agora vou dormir de volta. Boa noite, da próxima espero estar inspirada.