segunda-feira, 7 de julho de 2008

é um mundo e dentro um mundo. e dentro é o mundo que me leva...

Cheguei a uma conclusão. Finalmente. Facilitaria se eu fosse mais rápida com essas coisas, mas já que não sou me contento em ficar me batendo com tudo até achar as soluções.

Acho que não concordo mais com parte do meu último post anterior (comentário ridículo do tipo pré-adolescente-em-crise-existencial). O que um lápis de cor não faz? Me dei conta de que só usei meus queridos lápis uma vez nesse período inteiro! E eu amo lápis de cor, amo! E nem encostei neles, meodeos. Descobri também que não tenho papel branco texturizado pra desenho tamanho A4. Há quanto tempo eu não desenho? Como assim estou à séculos sem folhas e nem me dei conta? E aí precisei da régua. Meodeos, cadê minha régua? Tinha esquecido que régua existia, mas achei uma quebra-galho. Depois fui atrás dos meus lápis preto e verde. Quase não achei também. E aí precisei de compasso. C-O-M-O-A-S-S-I-M meu compasso sumiu e eu não fazia nem idéia de onde pudesse estar? O que eu fiz nesse período inteiro? Tá, eu usei compasso até um dia desses, até dia 19 de junho, se não me engano. Mas depois disso ele sublimou e eu nem percebi. Meu material todo acabou e eu nem percebi. Passei 6 meses sem grafites 0.5 e 0.7, passei 6 meses com um toco de 6B (que permaneceu intocado nesse tempo). Passei meses sem borracha, meses sem limpa-tipos (e houve um tempo em que eu não respirava sem limpa-tipos do lado). O quê raios eu fiz nesse período? Se não fosse por ilustração, meu já-pouco-evoluído-lado-artístico teria ficado completamente abandonado. Que saudade do 1° período cheio de tintas e lápis e nanquim! Era bonita a época (não a época, mas essa parte da época) em que eu não saía de casa seu lápis e papel pra desenhar desenhar desenhar.

Enfim, voltando... Minha adorável mãe, bendita seja, estava ouvindo música na cozinha, e ô mulher pra ter bom gosto! Aquele silenciozinho em casa quebrado apenas pela excepcional música, aquele sossego, aquela paz.... Senti uma sensação de aconchego ou de deslumbramento, semelhante a quando paramos de frente pro mar, fechamos os olhos e sentimos a brisa. Foi um daqueles minutos que eu gostaria de eternizar. Sentei, fechei os olhos e fiquei sentindo o momento. E aí eu fui buscar material (demorei um pouquinho pra achar mas...). Coloquei papéis, lápis, régua, esquadros e compasso em cima da mesa e comecei a fazer tudo com bastante calma. Ah! Como é bom! Principalmente quando não tem a pressão da entrega do dia seguinte, é uma delícia fazer algo com capricho. Fiquei faceiríssima mexendo de novo com lápis de cor. Te-ra-pêu-ti-co. Estava morrendo de saudade disso e não tive tempo nem pra perceber. Agora são 03h30. Queria continuar pintado e pintando e pintando, mas lembro de ter achado uma contradição Luciana-Tatiana uma vez conversando sobre que cor vem antes e que cor vem depois e aí não quis arriscar o verde por baixo do preto. A cada dia descubro mais um remédio pra qualquer coisa. Foi assim que, pintando e ouvindo música, comecei a pensar (parecia ser a “outra forma de pensar” - mencionada no post passado – ideal, justamente a que eu procurava). E agora que não tenho mais como pintar, vim aqui escrever porque não quero dormir e perder o clima gostoso que está aqui em casa. Pelo menos por agora tudo faz muito sentido. Pelo menos por agora parece tudo bastante claro. Seja por que ficou claro, seja porque o clima perfeito do lar esteja influenciando esse meu estado embasbacado, essa mistura de êxtase, alívio e tranqüilidade.

Tenho que parar de me incomodar tanto comigo. Parar de querer ter minhas emoções todas sempre sob controle, parar de ter medo de errar, parar de perder o chão a cada vez que não me entendo. Mania chata de libriano. Como diz a prof-perfeita-Luciana, o libriano sempre está numa busca desesperada por equilíbrio, mas nunca alcança o equilíbrio. =p

Acho que, hoje, cheguei ao famoso estado de ‘toquei-o-foda-se’ (só lembrete: estou em processo de voltar a ser uma menininha. Juro que vou voltar uma lady às aulas). Ainda acho que não devo dar um caráter material às minhas lembranças (como em mil embalagens de perfumes, dezenas de roupas, embalagens de doces e sabe-deus-mais-o-quê). Mas, que saber? Não vou mais me incomodar quando a saudade bater forte, me entorpecer, embaçar meus olhos e me fizer enxergar nitidamente só o que já foi. Acontece, é assim mesmo. É assim e sempre vai ser, querendo ou não. E se é assim, melhor aceitar do que ficar me incomodando.

Minha manhã também influenciou. Entrar no conservatório e ver que em breve estarei lá, depois de tanto tempo, finalmente estudando piano de novo, me deixou cheia de expectativas, cheia de entusiasmo.

E a situação:
- Você é a Carol, né? “A” Carol..... né? A... A... do... né? Eu lembro de você.
- Sou. É. Também lembro de você. Como você está?

E meu estado pós-impacto foi um pouco menos drástico do que costumava ser. Teve o zunido no ouvido, a cabeça pesando, a desorientação, a volta de milhões de flashes, mas eu consegui me recuperar. E isso me mostra que o papo de ser esmagada por tudo que eu cultivo é balela. Hoje tive mais uma prova, dentre todas as outras muitas provas que venho tendo, de que eu posso levantar a cabeça apesar das dores e das saudades, se eu me esforçar.

Às vezes, a saudade nos engole mesmo, nos imobiliza. Uns dias são mais difíceis. Em uns dias a gente vive de passado. Mas aí a gente sente, lembra, chora, e levanta. No outro dia, está tudo bem, a saudade está ali, mas com cumplicidade. No outro dia a força volta e dá pra viver de novo, dá pra olhar pra frente de novo. Em uns dias o passado se faz presente e machuca mesmo. Dá aquele aperto e a sensação de que o desespero pra lembrar de tudo vai tomar um espaço grande demais pra ser possível seguir. Mas eu não vou acabar num sofá, quieta, sem criar novas histórias só pra não mexer nas antigas. De onde eu tirei isso? As minhas histórias continuam lá no passado, continuam aqui comigo. E eu tô vivendo, não tô? Mais do que eu podia prever. Então pronto, resolvido.

PS: Milagrosamente, todos os horários do Conservatório são perfeitos pra minha disponibilidade. Pra mim, algo tão simples virou O sinal de que eu consigo (verbo transitivo que pode ser completado com diversos itens).
Delícia de MÚSICA que eu estava ouvindo hoje.

Um comentário:

isabela. disse...

você também é libriana?

:O