[madrugada de quarta-pra-quinta] Meu mock-up não fica pronto nunca nessa vida. Tenho que ficar acordada esperando a tinta secar pra eu pintar o outro lado pra secar pra eu passar verniz pra secar pra passar do outro lado pra secar pra quem sabe passar verniz tudo de novo pra quem sabe chegar as 7:30h no cefet. São 5 peças, pintadas de um lado e de outro, e agora estou na terceira demão, o que contabiliza TRINTA passadas-de-tinta com o mesmo rolinho-lavado-30-vezes. 30 de tinta e 10 de verniz, ó céus! O que me resta é escrever enquanto seca. Vou pôr aqui algo que eu escrevi em papel na segunda (se eu achar o papel, só um minuto..).
[21:05h de segunda] Chego em casa coberta de madeira, moída e em pânico. Me joguei na cama pra descansar, mas deu vontade de escrever. (Pc ocupado, abre caderno) Escrever em papel é divertido. Muitas coisas ficam transparentes, coisas que não aparecem no texto digitado. O mais interessante é quando a cabeça corre à frente da mão. Algo em mente precisa ser escrito mais adiante e, para não esquecer, a mão se dirige rapidamente até o fim da página, rabisca displicente três ou quatro palavras-chave e volta ao ponto de partida. Deve ser legal, depois de anos, olhar essas palavras-chave e observar, logo abaixo delas, o desenvolvimento da idéia. Pode ser que essas mesmas palavras tenham qualquer outro significado quando lidas mais tarde. E eu agora rodeio falando sobre escrever em papel enquanto gostaria de falar sobre qualquer outra coisa. Acho que enjoei de mim. 21:23h (uma pausa pra descansar da minha voz interior).
[de novo, madrugada de quarta-pra-quinta] Lembro que eu tinha muito sobre o que escrever nesse dia. Escrevi palavras-chave no final da folha, mas acho que vou deixar pra outra oportunidade o desenvolvimento delas. A última coisa que lembro foi de ficar irritada comigo, fechar os olhos pra descansar sem pensar, e só. Desmaiei. As 21:24h eu já estava dormindo muuuuuuito. Ultimamente vem sendo assim. Quando eu penso em deitar, já estou dormindo.
Mudando de assunto, morei no cefet nos últimos dias, chegando às 7:30h e saindo às 22h. Trabalho braçal na marcenaria, fura, corta, cola, lixalixalixa, passa massa, espera secar, lixalixalixa. Resultado: estou toda dolorida e tenho um dedo que quaaaaase foi mutilado na serradeira. E, de tarde, depois de fazer furos errados, tive meu giga surto de gargalhadas-malígnas+choro-compulsivo em público, e mais de uma vez por dia! O que um mock-up não faz com uma pessoa? Eu quis tanto um abraço! Quis tanto vários abraços! E nenhum deles estava por perto. Aí eu fugi. Fugi e liguei pra minha carioca. 8 reais em 4 minutos de interurbano (roubaClaro roubaClaro).
- Gata, como você está nesse fim de semestre?
- Tô f*dida, muito, meodeos, você não faz idéia, Lu, nossa, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh.
- Você não tá mais fodida que eu, ninguém tá.
- Claro que tô! Eu tenho 14 coisas pra entregar só nessa semana!
- C*-r*-lho! (porque mocinhas viram meninos em fim de semestre mesmo)
- Eu quero a nossa 8ª série de voltaaaaaaaa! (choro histérico, engenharia cefetiana olhando com cara de medo)
- Eu tambééééém.
Cheguei em casa e falei empolgadamente: “QUEM QUER PINTAR MADEIRA COMIGO LEVANTA A MÃO!” Ninguém levantou ¬¬.
E é isso. Estou sem internet no quarto. Logo, não faço idéia de quando vou postar isso aqui. Não faço idéia de como vou estudar pra prova de Materiais da segunda (a matéria está toda na internet). Não faço idéia de quantos dias eu vou fazer caber nesse post. Não faço idéia.
O resumo da semana foi: dias morando na marcenaria (é divertido e terapêutico quando tudo dá certo, o único problema é quando a gente inventa de errar), aniver da Lílian (e todos os momentos divertidos e bonitos envolvidos), mock-up que quaaase ficou perfeito até resolver me boicotar e grudar o verniz em um monte de folhas e soltar tinta e e e e ficar feio (também tava uma delícia de fazer até começar a dar errado), apresentação cabreira diante das duas-mulheres-mais-fodas-do-universo+câmera-filmadora (não seria tão ruim se minha proposta não fosse tão ruim), piras-de-sono, conversas com a música do Lenine (efeito da pira), biarticulado que pisca e se mexe freneticamente pra frente e pra trás enquanto está parado (efeito), pessoas não existentes que surgem no meio do filme do meu lado durante alguns vários segundos e desaparecem de repente (segundos suficientes pra perceber que não foi um vulto apenas, foi uma alucinação de sono), andanças e reflexões, alegria e pânico, expectativas e frustrações, orgulho e fracasso. Nessa semana eu passei por todos os estados de humor, senti tudo. Se não fossem momentos maravilhosos entre um surto e outro (;p), seria mais difícil chegar até o final. E ainda bem que a semana acabou porque não agüento mais essa loucura de reagir diferente a cada segundo.
Ontem (sexta) foi um dia semibom. A temperatura ambiente estava ótima. O céu era um céu qualquer, azul enxaguado com várias nuvens, mas a temperatura era boa, a música era boa e foi ótimo sair andando. Não andei sem rumo porque tinha coisas marcadas pra fazer, mas fui andando até os locais aonde precisava ir. Estava tudo muito bem até entrar em casa. Vem sendo difícil entrar em casa. Algo dentro de mim começou a fervilhar e eu estava prestes a explodir, com um nó preso na garganta que me segurava e me impedia de falar, de gritar, de chorar, de qualquer coisa que pudesse aliviar o peso. Tentei vários tipos diferentes de respiração, resgatei os exercícios da yoga, comi chocolate, bebi água, uma dose de licor de maracujá, tentei dormir, assisti o DVD do “Cócegas” (é chato, não aconselho), ouvi música, toquei piano durante umas 2h e nada, nada tava me acalmando. O piano foi a última tentativa e ajudou bastante, mas não o suficiente. E aí eu arrastei minha irmã pro cinema. O filme (Sex and the city) estragou o seriado, óbvio, porque estragar livro é coisa do passado, a moda agora é estragar seriado (não acredito, agora vou ficar com aquele funk ridículo grudado na cabeça... e vocês também auahauhaua =p). Mas foi bom. Eu me acalmei, voltei pra casa e desmaiei (meus pesadelos começam a me irritar ¬¬). Agora vou terminar de desfazer minha mala (é, ainda não terminei). (15h)
(21h31) Agora estou aqui. A internet voltou \o/. Deveria aproveitar pra fazer download da matéria da prova, mas em vez disso resolvi escrever nada-com-nada aqui, com licor de maracujá de um lado, esmalte do outro, com KT Tunstall rodando no som. Ela é tão legal! Aproveitei que quase não tenho mais o que fazer pra ficar deitada prestando atenção na letra das músicas.
Fiz algo bom hoje. Não foi “Nossa, Carol, que bom o que você fez!”, mas pra mim foi bom. Me desapeguei um pouco de coisas, mais especificamente de roupas. Huhauahua. Ai, que vergonha. Esperem, não é tão fútil quanto parece. Eu tinha um monte de roupa guardada que eu não uso e nem nunca vou voltar a usar. Mas estavam guardadas porque têm história, têm muito valor emocional. Marcaram coisas muito boas, de épocas e épocas, e eu guardava tudo, desde 2003. Alguns dias atrás, percebi que elas não podiam mais ficar ali, pelo menos não todas elas. Estava me enrolando pra desfazer a mala do N porque não tinha como arrumar as coisas da mala sem me desfazer de várias roupas antes. Hoje, resolvi dar um jeito nisso. Foi difícil, demorou um monte. Cada peça que eu pegava era pelo menos 10 minutos pensando, lembrando tudo que aconteceu, pra decidir se eu conseguiria ou não me desapegar. Aí peguei um saco, e comecei a contar: “Uma... duas... três... Quatro... Não, não, essa não pode ser a quatro, não, essa não. E agora? Guardo ou não guardo? Ah, vai, quatro...” E por aí foi, até a n° 25. =O Calculei que eu só conseguiria chegar até o número 15, e cheguei ao 25. Com muito esforço, mas cheguei. Claro que ainda tem umas guardadas, e essas vão ficar guardadas pra sempre, não me desfaço delas de jeito nenhum. Tem umas 6 peças-lembrança ainda, acho que não faz mal mantê-las na gaveta. Mas manter 31 peças-lembrança é exagero, nada mais cabia no armário, e eu tive que me soltar.
Foi bom. Me sinto mais leve. Sabe quando dá um orgulho de ver o que a gente fez? Terminei de arrumar tudo e fiquei com orgulhinho de mim. Foi um passo importante que desde sempre soube que teria que tomar, cedo ou tarde, desde Recife, desde os meus 13 anos, e sempre deixava pra mais tarde, sempre adiei. As lembranças vão estar sempre comigo, eu sempre as levo comigo. Elas sempre fazem parte do meu dia, às vezes menos, às vezes mais. Nessa semana, minha oitava série fez muito parte dos meus dias. Saudade gritante da minha Lu-carioca e da minha Lyz. Todos os dias, pelo menos uma vez, sentia uma necessidade quase vital de tê-las do meu lado, de abraçá-las. E já que, emocionalmente, minhas lembranças estão sempre comigo, conservá-las dessa forma tão material não faz sentido. Fico feliz por ter dado esse passo. Sinto como se começasse a organizar melhor minha vida, minhas emoções, minha forma de lidar com emoções.
Agora uma veia começou a saltar freneticamente no meu olho direito. Não consigo mantê-lo aberto. Mostrei pra minha irmã, ex-acadêmica de enfermagem, e ela me olhou em pânico: “CAROL, MEODEOS, ISSO É ESTRESSE. MUUUUITO ESTRESSE. SEU SISTEMA NERVOSO TÁ PIFANDO! VAI DORMIR! VOCÊ NÃO VAI ESTUDAR PRA PROVA AGORA, EU NÃO DEIXO. TOMA ESSE CALMANTE AQUI, TERMINA ESSE SEU LICOR DE MARACUJÁ, E VÁ DORMIR, A-GO-RA!” =
Pérola do meu sobrinho nessa semana:
- Paulo, vai fazer tarefa!
- Mas, vó, eu tenho que brincar! Eu tenho que aproveitar pra brincar enquanto eu sou cirança. Porque depois, quando eu virar adolescente, eu tô ferrado. Vai ser só trabalho, um monte de trabalho, um atrás do outro. Eu não vou poder mais brincar, nem dormir.”
Me desespero porque traumatizei meu sobrinho ou fico feliz por poder ensiná-lo com antecedência como é a vida de gente grande?
Vou lá (ai, que saudade de Pernambuco, nunca mais tinha falado isso), vou obedecer minha pseudoenfermeira particular.
Melô do Designer. Tava ouvindo nessa semana, e tudo se encaixou. O vídeo deve estar com uma qualidade tosca, mas tá valendo.
3 comentários:
quando li do sobrinho, não sabia se ria ou chorava.
:B
carolzinhaaaaaaa!!!! (ai que emoção.. tem meu nome no post!! *.*)
nossa.. tenho só a te agradecer... foi muito legal fica conversando muuito com vc no meu niver!!! adorei.... fazia muito tempo que eu não parava pra fala de assuntos aleatórios com alguma amiga... geralmente é só.. cefet pra cá.. trabalho prá lá... e nunca sobra tempo pra conversas divertidas como a nossa!!! (meu deus isso éra pra ser apenas um comentáriozinho.. =O)
mas enfim.. brigada floor!!!
=**
Ois.
Quanta demora pra comentar.
Mas tinha t.dacorbarralouçabarravarrerbarraestudar.
Muito bom de ler o seu post. Fico feliz de saber que você é apegada às lembranças. é sempre bom ter lembranças. Elas colocam nossos pés no chão e nossa cabeça no paraíso. Elas tem o poder de levarnos aos nossos mais profundos desejos. São elas que nos fazer sorrir e nos fazem chorar.
Tenho as minhas e não me desfaço delas.
Bjão.
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