De súbito, uma parte é amputada - assim se passa o tempo (ó pedaço de mim). Mais uns anos, menos algumas partes: mutilações lentas e progressivas pelos dias, pelas horas (ó metade arrancada de mim...) Vem o tornado e arranca um pedaço do peito. Às vezes, parece mais que a metade (adorada, exilada), parece quase tudo. Então, a falta se faz outra parte, desconfortável, o vazio vem e não vai. Fica.
Grande mal de dias-números: quando se repetem, gritam e explodem descaradamente de novo com força similar. Sentiu a mesma tontura, o mesmo pânico da notícia que fere, a mesma sensação de ter uma grande parte afastada definitivamente no tempo limitado de um plano passageiro. Mesmo sabendo sobre o tempo que não é tempo, sobre a existência autêntica e final, mesmo com todas suas certezas, a ferida continuava latejando nos mesmos dias, seus pés a prendiam no chão como âncora (poderoso óbice) impediando-a de se mover. Não conseguiu viver por mais um dia, não conseguiu ouvir, não conseguiu ser sequer figurante. Gargalhadas ásperas saíram rasgando pela garganta, o choro continuou retido explosivo, o espaço continuou vazio, aquela voz continuou perdida.
Dormiu e esperou tanto poder ver de novo a eternidade dos olhos sempre tão verdadeiros, a verdade dos olhos sempre tão doces, a doçura dos olhos sempre tão puros, a pureza dos olhos sempre tão cheios de amor. Quis mais que tudo não sentir sozinha. Quis sentir a energia que saía dos olhos em pares na mesma frequência como prova irrefutável diante daqueles olhos, não sozinha. Esperou poder ver o que não podia mais ver. Por que diabos o tempo e a saudade se mostravam intermináveis? Por que olhar as mesmas fotos repetidas vezes não trazia pra perto a presença? Por que lembrar (cherish is the word a use to remind me of...) fazia parecer impossível rever?
E de que adianta querer colar os próprios cacos no lugar usando música, óculos escuros e xícaras quentes de chá como cola? De que adianta acordar de costas pro mundo e querer que ele gire de novo? De que adianta buscar diariamente migalhas que proporcionem pequenos efêmeros segundos de prazer se a ausência ecoa forte, sacode constante, muda o centro de gravidade de tudo? Como aprender a cuidar bem das novas partes que ainda existem? - ela se indagava preocupada e repetia e via via via os minutos se arrastarem comedidos. Não é só um dia, não é só um número. Parecia simples falar (eles falavam e ela ouvia com revolta muda), parecia insignificante na boca dos que não sentem. Dias não são só números (embora ela quisesse que dias fossem apenas dias, quisesse saber ser amiga, quisesse saber cuidar, quisesse completar e ser uma parte), aquele não era só um número, não era...
[navalha
no peito
reabertacicatriz.]
Grande mal de dias-números: quando se repetem, gritam e explodem descaradamente de novo com força similar. Sentiu a mesma tontura, o mesmo pânico da notícia que fere, a mesma sensação de ter uma grande parte afastada definitivamente no tempo limitado de um plano passageiro. Mesmo sabendo sobre o tempo que não é tempo, sobre a existência autêntica e final, mesmo com todas suas certezas, a ferida continuava latejando nos mesmos dias, seus pés a prendiam no chão como âncora (poderoso óbice) impediando-a de se mover. Não conseguiu viver por mais um dia, não conseguiu ouvir, não conseguiu ser sequer figurante. Gargalhadas ásperas saíram rasgando pela garganta, o choro continuou retido explosivo, o espaço continuou vazio, aquela voz continuou perdida.
Dormiu e esperou tanto poder ver de novo a eternidade dos olhos sempre tão verdadeiros, a verdade dos olhos sempre tão doces, a doçura dos olhos sempre tão puros, a pureza dos olhos sempre tão cheios de amor. Quis mais que tudo não sentir sozinha. Quis sentir a energia que saía dos olhos em pares na mesma frequência como prova irrefutável diante daqueles olhos, não sozinha. Esperou poder ver o que não podia mais ver. Por que diabos o tempo e a saudade se mostravam intermináveis? Por que olhar as mesmas fotos repetidas vezes não trazia pra perto a presença? Por que lembrar (cherish is the word a use to remind me of...) fazia parecer impossível rever?
E de que adianta querer colar os próprios cacos no lugar usando música, óculos escuros e xícaras quentes de chá como cola? De que adianta acordar de costas pro mundo e querer que ele gire de novo? De que adianta buscar diariamente migalhas que proporcionem pequenos efêmeros segundos de prazer se a ausência ecoa forte, sacode constante, muda o centro de gravidade de tudo? Como aprender a cuidar bem das novas partes que ainda existem? - ela se indagava preocupada e repetia e via via via os minutos se arrastarem comedidos. Não é só um dia, não é só um número. Parecia simples falar (eles falavam e ela ouvia com revolta muda), parecia insignificante na boca dos que não sentem. Dias não são só números (embora ela quisesse que dias fossem apenas dias, quisesse saber ser amiga, quisesse saber cuidar, quisesse completar e ser uma parte), aquele não era só um número, não era...
[navalha
no peito
reabertacicatriz.]
2 comentários:
vontade de te abraçar...
sinta-se abraçada....
Bjos e ternos abraços repletos de carinho!!!
aviso: esse teclado nao tem acentos nem cedilha
parabens pra vc.. hey...
nesta data querida.... hey...
muitas felicidades... hey...
muitos anos de vida... hey..
\o/
viva a caroll..
espero que tenha gostado da nossa surpresinhaaaa... =D
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