quinta-feira, 22 de outubro de 2009

vou ler até virar clarice

adoro quando eu tenho o quarto só pra mim, me mudo de cama por comodidade e faço coisas como puxar o teclado até o colchão para digitar deitada com uma mão só enquanto a outra apóia a cabeça. ligo a música que eu quero, durmo de madrugada, acordo um zumbi, pra dormir de novo durante a tarde fingindo que nem tem trabalho pra fazer...  é assim que estou agora, superficialmente. 

como estou não-superficialmente? isso eu gostaria de conseguir guardar pros poucos. entrei aqui pra escrever (jura?) sobre isso, apesar de até eu ter quase esquecido daqui. mas pra quê? não me dou ao trabalho de pôr nem as maiúsculas! acho que não estou preparada pra escrever sobre isso, talvez esteja menos a cada dia. sabe quando a estória dá preguiça? sabe quando parece que a gente dá murro em ponto de faca? sabe quando a gente precisa se economizar? sabe quando a gente tenta fazer cego ver? cansa pisar em ovos o tempo inteiro; cansa estar estranhamente errada o tempo inteiro; cansa tentar mostrar que tem algo muito errado quando você acha que o mundo todo tá torto e só você tá certo; cansa ter que dizer "pára, isso é desrespeito, amigos não fazem isso" e ainda ser a vilã; cansa ter que ser robô e ser entusiasmada todos os segundos da minha vida pra não virar ofensa pessoal, crime de Estado...  muitas, inúmeras coisas, cansam demais. E até isso é distorcido, invertido, pra parecer que eu sou a errada e a difícil de conviver.

começando assim quase escrevi demais. mas, de novo, pra quê? as pessoas só aprendem quando sentem na pele mesmo, quem sou eu pra tentar avisar? e se seu suposto amigo te desrespeita como ninguém jamais fez e não se importa minimamente com o que isso provocou dentro de você, se seu suposto amigo acha que pedir desculpas é para os fracos, se seu suposto amigo depois de tudo ainda te acha o vilão da história, quem é você pra abrir a boca e dizer o que tá sentindo? 

As coisas importantes a gente conta pra quem respeita. E isso só pode ser um desaforo pra quem sabe que não merece saber algo importante. 

Enfim, descobri o meu assunto idiota demais, tal como as causas, mesmo depois de deixar escapar mais do que planejei. Foi quando desisti de pensar nisso, parei de escrever, e aqui, deitada com o teclado no colchão, descobri que posso baixar livros em segundos! Baixei uma quantidade impossível de ler, mas tô sentindo aquela coisa boa e fantasiosa de "vou ler até virar clarice"...

O que me mais me incomoda é essa superficialidade pra mim incompreensível. É a superfície que distorce tudo. Não vê que a casca, em quem não a cultua, é o oposto do que vem por dentro? 

No mais, está tudo muito muito bem (voltei a usar maiúsculas!!!).

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

depois de um banho quente demoradérrimo daqueles de acabar com a água do mundo e fazer todo mundo morrer de sede (por causa do meeeeeeeeeeeu banho), depois de destruir a camada de ozônio com o desodorante que só-po-de ser aerosol, depois de esperar infinitamente a família voltar (não voltou), acho que vou finalmente abrir o bolo sozinha (como estive o dia todo) e comer na frente da tv.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

martin margiela


sapatinhos de vidro! *.* miiiiiiiii.

domingo, 2 de agosto de 2009

insone

Cada decisão pequenininha muda completamente o curso de uma vida inteira. O tempo inteiro aparecem oportunidades pra reviravoltas. Lembro delas e penso que jamais vou saber o que seria, com mais um pouco de coragem e desapego, o resultado de tudo. E esses sinais que eu sismo em achar que existem pelos quais me deixo guiar, serão reais ou serão manifestações do que eu quero que seja? Eu enxergaria sinais em outra situação totalmente diferente se eu a desejasse? Há detalhes que eu não sei sobre mim. Detalhes que todo mundo costuma considerar primordiais. Fazem um estardalhaço como se fosse regra nascer, crescer, andar, falar, saber tal e tal e tal coisa sobre si, descobrir um talento especial e executá-lo com real mestreza. Acho tudo historinha de filme que insistem em jogar pra realidade. Ou eu deveria mesmo saber mais de mim? E de mais quem quer que seja? Ou todo mundo cria as respostinhas só pra ter uma e pronto? Por muito tempo pensei que eu encararia minha morte bem demais, não teria medo, simplesmente aceitaria, me despediria de tudo, sentiria saudades mas seguiria em frente. Até, recentemente, me sentir a minutos de morrer e querer mais que tudo abraçar todo mundo de novo, querer me segurar nas pessoas que eu amo e chorar por não saber como privá-las de sofrer qualquer fração do que eu sofri quando estive no lugar delas. Lembrei dos meus últimos momentos com cada um, em cujos detalhes me detive com atenção, porque lembro de ter sentido medo de que fossem os últimos, porque conscientemente me despedi. Foi diante disso tudo que constatei: caralho, eu tenho medo! Há coisas que não tem como saber. Mas não ter controle suficiente sobre minha vida realmente me causa um efeito estranho de estremecimento, angústia ou ansiedade, algo entre a necessidade e o nervosismo. Daqui a dois anos, dois anos e meio, três anos... minha vida é um completo borrão na minha cabeça. Uma interrogação gigantesca e assustadora. Principalmente se as opções que prevejo forem mesmo as minhas opções. Assusta mesmo. E nada de blablablá a vida não teria graça se a gente soubesse o que vai acontecer, aproveite, aventura, surpresa, e o escambau ensaiado que todo mundo destrambelha a falar quando o assunto é esse. Na real todo mundo se contorce de medo do futuro. Tooodo mundo. E tooooodo mundo adooooraria uma bolinha de cristal pra ver o que acontece a longo prazo como consequência de nossas escolhas. Porque todo mundo vive e vê e sente como se nunca fosse precisar mudar os planos, como se os planos nunca pudessem ser interrompidos contra a nossa vontade, porque todo mundo acha que nunca vai precisar soltar algo sem o qual é difícil viver. E aí se POW o que você quis, achou lindo, dream lifestyle, tudoazul vida bela (e etc) não puder mais acontecer, o plano B vem no improviso. E se for uma merda de um plano B? Eu odeio não saber o que vai acontecer comigo em três anos. Realmente odeio.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

escrito nas telhas

Surge um ser insano em mim que quer matar pessoas e começa a metralhar em silêncio milhões de frases cheias de histeria reclamando e brigando sobre bobeiras que inconsicente (e hormonalmente) me enxem de ódio. O lado são dosa e pensa "pára, ui, hormônio babaca, eu nunca sentiria raiva disso" e o lado histérico continua sentindo uma raiva irracional de tudo, tu-do, e eu pareço uma mulherzinha neurótica irritada intratável brigona carente comilona implicante chorona gorducha ciumenta psicótica maníaca ninfomaníaca e o escambau.

Agora eu quero milhões de estampas na minha parede, uma meia-calça canelada, alguns centímetros a menos de cintura, 3kg a menos na balança, mil potes de kerastáse pro cabelo, um spa, massagem, luvas de hidratação, carteira de motorista, explosivos (muitos), contos quentes, música latina, dose dupla de tequila, uma banheira imensa, a vela de pitanga que tá no armário, troca a tequila por martini com a cereja, mas nem gosto de cereja volta pra tequilalimãoesal, ou tira a vela a banheira a tequila, quero vodka mesmo e distração, não pegar ônibus lotados, me deslocar instantaneamente por todos os pontos do mundo, ter os pés na areia, ver a lua, o museu de lautrec, as casas de gaudí, não ouvir mais a música, a chave dum lugar vazio, cair dormindo profundamente, acordar com o cabelo perfeito, gritar, fechar os olhos, dançar até cansar, falar o que der na telha, eu quero aaaaaaaaaaaaahhh (com algumas intonações de ah), quero muito muitas coisas (pra mulheres de tpm, nunca é pedir demais).

Mas o que tenho em minhas mãos é um banho quente e uma noite de sono. Talvez a meia-canelada amanhã. E umas páginas de Toda Prosa antes de dormir (porque eu preciso mesmo da boa leitura depois desse lixo). Beijos.

esqueci de comparar a pincelada do lautrec com o ritmo narrativo da denser no trabalho. merda merda merda.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

little wanted pill

vê-lo: calma.
inesperado o perfume: dispara (por acaso).
vem o dia o cansaço 'cadê? passa,tempo,passalogo!'
(tempo tempo tempo........................................
...............................................................................
..............................................................................)
ali ele! (senta e desabafa).
ela nervosdescontrolefalaereclama
compulsiva neurótica
fala reclama fala berra fala fala
ele sente, entende, sabe o que fazer
ele, olhos doces e cálidos, em silêncio, diz muito
interrompe calabeija ternamente sua boca
e eladescontrole só aí percebe
eladescontrole, tagarela desatenta, só aí enxerga sua pressa
(enxerga mais que a pressa)
ele lhe beijodemora e sabe, sabe que acerta
ela se desprende da pressa (e pensa 'você sabe muito que acerta')
ele lhe demoradevolve maravilhosamente o ar
e ela respira, por fim
se cala, respira fundo e sente nula toda a tensão
ele, remédio eficaz, lhe devolve ar-calma em doses homeopáticas
e ela num abraço se promete
ele acolhe ela ama
(respira, respira......)
braços bocas olhos juntos
(por acaso, dispara: inesperado o perfume)
cada detalhe cada expressão,
cada centímetro daquele rosto admira
olha olha olha olha
olhos juntos e ela: calma.


-quinze-

domingo, 3 de maio de 2009

sonhei que estava em barcelona vendo as obras de gaudí.
acordei com o barulho do secador alheio.
relógio.
coração apertado?
ou falta de ar?
ou saudade de barcelona?
(intervalo de pensamentos disconexos mudança de assunto mudança de foco)
talvez haja momentos em que palavras virem pedido de socorro.

sábado, 2 de maio de 2009

berro-relâmpago

Uma tarde inteira de sobrecarga mental, metade do que deveria ser considerando o tempo até a entrega do trabalho, mas já um pouco demais pra manter um estado saudável de humor. Não, não é tempestade em copo d'água porque eu passei o semestre vadiando e agora apertou. O negócio é que eu adoro arrumar pepino pra piorar os trabalhos que já não são brincadeira.

*Manual de marca + todo material gráfico que se possa imaginar desde cartão de visitas até embalagem de pipoca e climatização do cinema para sexta-feira tiiiiiiiinha que ser sobre o filme do David Lynch. Tinha! Tinha logo que ser Mulholland Drive. DO DAVID LYNCH! (e pergunta se eu já comecei?)

No trabalhinho de teoria do design (PRA QUINTA) que podia nem ser tão monstruoso, qual artista da transição secXIX-secXX eu tinha que escolher? Qual? Henri di Toulouse Lautrec, é óbvio que eu ia escolhê-lo. Mas o pepino ainda não está aí. Agora eu digo que devo traçar um pararelo analisando as características atemporais de uma obra do Lautrec em comparação a uma obra de algum artista da transição dos séculos XX-XXI, ou seja, algum ser de agora.

*E quem eu posso comparar com o Lautrec? Que pintor eu comparo com ele? Logo ele que é deus na França como é Lenine no Brasil? ....Tá, abstrai da pintura. Quem, nesse mundo, agora, se compara com ele?

PLIM! Márcia Denser! Claro! Ela! Tudo a ver! Lautrec de saias da literatura!

e vem a vozinha do Polak na minha cabeça: "não compliquem... comparem pintor com pintor, poeta com poeta, cineasta com cineasta... misturar só vai dificultar a vida..."

PE-PI-NO!

E agora já li tudo que há disponível na internet sobre Márcia Denser, Lautrec, Belle Epoque, Comuna de Paris, Geração pós-45, ditadura militar, até uma monografia de 170 páginas sobre o erotismo na literatura. Puta overdose, até porque quando se decide escrever sobre Lautrec e Márcia Denser é impossível dar-se ao luxo de não estudar até morrer tudo que diz respeito a eles pra não cometer quase-crimes em qualquer equívoco (ou pra diminuir a incidência deles).

Preciso descansar, e depois de um banho quente quase assassino daqueles que dão dor de cabeça e tontura, não sei como desocupar a cabeça. Deveria ler o livro da Denser, Tango Fantasma, porque é ele que eu vou usar no trabalho e nunca li inteiro. Mas quem disse que eu consigo ler essa mulher agora?

Escrever? Uma boa. A não ser pelo fato de que nesse estágio mental tudo que sái são frases compulsivas sem qualquer valor e isso aqui tá ficando uma grande merda. E tudo que eu quis escrever nos últimos dias me escapou pela boca. Ou continua aqui, mas não tenho a calma ou o controle necessários pra escrevê-los sem berrar e berrar. Além dessa luz bizarra do monitor que começa a torrar meus neorônios e envelhecer a minha pele.

Enchi o saco do Ney, do Pedro Luís, do César e, por incrível que pareça, do Caetano. Sabe a vontade que eu tenho agora? De berrar um foda-se bem alto e esmagar todo mundo que eu quero esmagar numa parede até espirrar o resto de alma deles pro lado de fora.

Ou não. A vontade passou. Tô viajando.

Acho que preciso ir dormir. Não, preciso de muito mais. Mas dormir é o que está ao meu alcance.

Meu Deus, eu não sou digna de escrever sobre eles. Onde estava eu com a cabeça?

*e apesar desse ser um texto de merda, serviu como parcela de desabafos.

amanhã acordo semi-nova.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

desconcertos da vida privada

- moça, eu quero uma 7/8.
- que cor?
- preta.
- com ou sem renda?
- a rendada.
- tem dois tamanhos: P/M e G/EG. pra você P/M?
- capaz, não, moça. a P não cabe não.
- qual sua altura?
- 1,65.
- peso?
- 55, acho.
- manequim?
- 38.
- aí, ó, P/M, na tabela diz que é P/M.
- moça, eu comprei uma 7/8 tamanho único e fiquei lon-ge de caber nela. mooooiiiiito longe.
- ah, é?
- sim, e já tentei comprar olhando as tabelas e NUNCA deu certo na minha vida INTEIRA, nem na infância.
- não pode! tem certeza?
- sim, acho que é meio desproporcional, se eu for pela tabela não dá certo.
- ... =O.
- não tem uma aí pra eu provar, né?
- não, essas meias finas não tem provador.
- vou me arriscar na G/EG, então...
- ... não quer mesmo a P/M?
- moça, essa calça disfarça, ju-ro que não vai entrar!
- ... =o.

(mais um tempo constrangedor pra convencer a vendendora da coxa tamanho G)
15 min depois: a vendedora finalmente registra no caixa uma G/EG.
1h depois: o tamanho estava certo. bem certo.


¬¬
vendedoras irritantes.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

eterno fugaz

Um sentimento irracional de pré-morte se assolou por todas as partículas do meu corpo naquela madrugada. Talvez um mau sonho, talvez o medo de crescer somado à perspectiva de um futuro pouco palpável, talvez fosse um presságio, ou talvez não fosse nada, mas levantei pela manhã mais "eterna" do que nunca. Não por ser inatingível, pelo contrário. Naquele dia senti a força da efemeridade em cada poro, senti a vulnerabilidade de todos os sentidos e a finitude tão concreta e pronunciável dos meus movimentos. Senti o calor fugaz do sangue em minhas veias e em outras, o calor tão intenso e vivo que em horas poderia deixar de existir. Senti a fragilidade da minha vida mais precisamente, como se em todos os outros dias eu a ignorasse, mas, decidisse naquele brindar com ela, à ela. Naquele dia, ela se expressava em cada segundo.

Em contrapartida, estava tudo que me importa, tudo que exterior à mim de mim faz parte, tudo que esse tudo, espalhado física e emocionalmente por tanto lados, me causa. Abracei a certeza do que me reabastece na contemplação excessivamente poética que compete aos que começam a dizer adeus. Dessa forma, fui me despedindo do que me pareceu atingível como eu, porque uma prova irrefutável da vida repleta de calor e altivez pode se desvanecer de uma hora pra outra e nunca sabemos qual é a última hora pra pousarmos o ouvido no peito e ouvir atentamente o som último das batidas daquele coração. Descarreguei dezenas de recados mudos... abracei mais forte pra que cada segundo daquele abraço fosse sentido conscientemente em cada detalhe, pra que ficasse marcado na memória
(sente e lembra). Olhei os olhos e com os meus queimei as declarações silenciosas que não me saíram pela boca (te amo te amo te amo). Por algum motivo que me pareceu, mesmo ali, muito errado e passível de fortes arrependimentos fosse aquele instante de fato uma despedida, me declarei apenas com a mente e o olhar (me ouve, veja os meus olhos, lembra o que eles estão te dizendo)
...

Passei o dia falando pra dentro minhas mensagens inaudíveis esperando que um dia todos lembrassem e soubessem o que eu quis dizer. Mas me assustei quando minha intenção pareceu entendida antecipadamente e eu senti mais alguém se despedindo de mim como sendo aquele momento não um equívoco uma necessidade. A hipótese da dúvida virando verdade me fez chorar. Foi nesse misto de despedida e jura, de mortalidade e afetos, que me senti eterna. Acho que a vida se faz ainda mais real quando parece estar por um fio. Ela se expande e se pronuncia aos berros quando parece prestes a se calar. Me senti viva demais de uma forma quase incômoda (há muita responsabilidade em estar vivo por pouco tempo) e as verdades se fizeram tão notáveis que eu me senti eterna enquanto durava (embora despreze a desculpa mentirosa do "eterno enquanto dure") porque a verdade da minha limitação era indiscutível e grande demais, porque tudo que eu sentia era verdadeiro demais, porque pra mim o que é verdadeiro é infinito, e em coexistência à parte de mim que estava em risco eu achei a parte de mim que vai existir sempre.

Desde então venho questionando algumas de minhas loucuras: como pareço sempre escrever pra pessoas específicas, como costumo escrever o que me falta coragem de dizer, como escrevo com uma frequência muito maior quando as coisas não estão bem, como muitas vezes escrevi demais pra compensar a ausência de alguém que eu queria ter ao meu lado, como tantas vezes pensei que estivesse reestabelecendo o equilíbrio e logo via que me enganava. E esse espaço é, mais do que pra mim, pra outros... ora pros meus filhos, ora pros amigos que perdi, ora pra alguém que eu amo e está ausente (em quaisquer dos sentidos de "ausente"), ora pra qualquer pessoa ainda desconhecida que me faça falta... talvez por isso sempre acabe voltando pra dizer qualquer coisa.

No final de tudo, desisti de me importar com os motivos que me fazem escrever de uma forma ou de outra, desisti de querer descobrir o que todas as mudanças fizeram de mim, desisti de tentar saber a todo custo em quem eu estou me transformando. Uma hora eu descubro naturalmente, a busca por equilíbrio não é mais uma meta tão urgente, não me incomoda mais que tudo ache seu lugar aos poucos.

De volta à minha morte, vai ver foi um equívoco como vários outros e eu vou estar com 102 anos conceituando as obras dos meus amiguinhos numa entrevista de televisão. Essas sensações ruins inexplicáveis, acho que quando são de verdade não dá coragem de contar pra ninguém. De qualquer forma, eu não quero margaridas brancas, nem que cantem músicas de igreja, nem que se vistam de preto.

[baseado parcial ou totalmente em fatos reais]

segunda-feira, 6 de abril de 2009

=D


A Isa me deu de presente! Olha só, presta pra um sorriso belo isso aqui. =D Belo sorriso da bela Isa.
E nada melhor do que entrar na corrente enquanto a folha de perspectiva está lá semi riscada na sala dos desesperados (impossível impossííííível terminar aquilooooooooo professoraloucaaaaaaaaaaaa)

Vamo lá!

Sete coisas que me fazem sorrir:
  • Companhia do papai.
  • Os amigos.
  • O beloved.
  • Céu bonito azul sem nuvens com um solzinho gostoso batendo no rosto.
  • Lembranças
  • Coisas bonitas da vida, desde criancinhas mimosas que brincam achando que a vida é fácil, até casais de velhinhos apaixonados.
  • Filmes/livros e suas perfeições.
Sete blogs que me fazem sorrir (acho que não tenho tantos):
...e outros hots que eu não acho mais.
*não vou avisar nenhum dos blogs que foram citados aqui.

domingo, 29 de março de 2009

por fa vooooooooooor


mãããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããeeeeee!
me leva lá!

sábado, 28 de março de 2009

pequenas grandes coisas que salvam dias

um banho quente.
sorvete de negresco, colomba maxi gotas, chocolate (tudo no mesmo pote).
sofá e filme.
revista bravo, livro e soneca.
um abraço.

quarta-feira, 11 de março de 2009

uma dose de transparência

Aos 19 anos, a gente bebe vodka nos queijos-do-amor (são bancos amarelos e escondidos da UTFPR) em aulas vagas, rasga folhas, desiste dos pontos de fuga (imagino você como uma arquiteta também, mães se espelham nos filhos... mas vai que até seu vestibular você me convence de outra coisa?), adia trabalho, conversa no tempo livre, e é super divertido. Mas no fundo, a gente morre de medo de estar brincando com fogo e só se dar mesmo conta disso ao se formar e não dar conta do recado.

A gente abraça demais (você vai ser uma abraçadora compulsiva também, é de família), gargalha, acha tudo engraçado, põe a mão no fogo por muita gente, bate e xinga os amigos íntimos, briga, pede desculpas, ama pra sempre e todas as variações disso. Mas dá um puta medo de que todo mundo suma ao final de alguns anos, porque “seremos amigos pra sempre” já ouvi vezes a fio, e em raras delas foi verdade. Dá medo! E as chances de você concordar comigo quando ler isso, minha querida, é infelizmente grande (mães e filhas concordam umas com as outras de vez em quando, UAU!).

Em vários momentos da vida, a gente escolhe quem deixar por perto e assiste quando vão embora. Não é sempre, mas acontece vezes o bastante pra quase te fazer desistir da humanidade (ou ter medo da morte, não da sua, mas dos outros). Quando somem podendo estar perto, a gente dá uma de orgulhoso e finge que não liga, uma das criancices que duram a vida inteira. Mas a verdade é que a gente sente uma enorme saudade de todos eles, e tem medo, mas medo mesmo, de ser sozinho no final das contas.

Em rodinhas, no bar, na esquina, a gente fala do futuro, diz o nome dos filhos (você se chama mesmo Inês? Ou Maria? Ou Marco Antônio? Ou Samuel? A lista que eu fiz é imensa!) e cria histórias dos amigos se encontrando em 10 anos. Um vestido de sfiha do habib's na Silva Jardim, outro gordo, outra freira, outra com 10 filhos, outra solteirona professora mal-comida do DADIN, outro amish, outra prestes a virar mãe pela 1ª vez (eu! =D) e etc. A gente planeja a grana, o carro e a Barcelona na sala. Sonhadores ou realistas, saberemos mais tarde. Mas a gente tem mesmo medo do que pode ser daqui até lá, e as brincadeirinhas engraçadas de humor-negro têm que pelamordedeus ficar só na brincadeira.

A gente mergulha na multidão, depois cansa dela. Foge nela e dela. No meio de tudo, diz que está tudo bem, que está superando e que as coisas caminham como devem. Mas a gente sente em cada olhada furtiva uma puta dor-de-cotovelo (ainda existe essa expressão?), se morde de ciúmes a todo instante, quase morre de saudades, o peito dói e a respiração pesa. As lembranças tomam conta, o olhar se torna vagovazio até que alguém diga "ei! tô falando com você!". E quando você estiver assim também e eu perguntar o que você tem, lá por volta de 2038 (=O eu vou estar velha! Céus!), possivelmente, você vai dizer que não tem nada, como eu acabei de dizer pra minha mãe.

Às vezes, a gente brinca com a vida, ri das emoções, fala "acho que eu sou meio burra" só pra justificar o coração teimoso. A gente tenta fazer as lágrimas virarem brincadeira, e quando não é possível dá pra esconder os olhos atrás dos óculos escuros (a moda agora é a de óculos gigantescos que cobrem o rosto inteiro, temos sorte. Se na sua época eles forem pequenos, vai ter que arrumar outro artifício). São disfarces e mais disfarces, porque a gente se acostuma com o constrangimento de deixar que vejam nossas verdades. Mas tem vezes que a gente precisa mesmo é falar sério, admitir em vez de esconder, poder chorar quando dá vontade, porra, e em algum lugar você vai achar quem te ouça (me surpreendi com isso hoje), mesmo que às vezes pareça difícil.

Não sei se você vai reagir como eu, mas tenho razões pra achar que também é uma tendência genética (torço pra te escolher um pai mais controlado que te salve dessa característica). A gente chega perto de quem se gosta e as cenas passam como borrões: misturadas, confusas e rápidas demais. A maior vontade é de abraçar forte e demoradamente, mas a gente acaba se impressionando mais vezes do que o necessário quando os segundos voam. Eles passam num grande branco sem registros e nos empurram pra minutos após quando o abraço já se desfez, quando não tem mais como abraçar o abraço almejado.

Só Deus sabe qual vai ser o remédio de vocês em 2038 (sério, não é legal repetir essa data). Agora, a gente escreve porque é seguro, porque poucos lêem blogs pouco divulgados (como esse) e é confortável desabafar sabendo que no dia seguinte as pessoas pra quem são dedicadas as frases provavelmente não saberão de nada caso a gente tenha se arrependido de escrever. Na verdade, isso é uma grande covardia (sua mãe tem seus momentos) porque as frases não deveriam ser escritos arrependidos, deveriam ser fatos falados.

Quando o coração prende na garganta, a gente adia, pensa em tentar, pensa em desistir, ou simplesmente acha que não adianta, mas tinha mesmo que chegar perto e falar a verdade pra nunca se arrepender de não ter falado. É melhor lembrar que o possível foi feito, porque só assim dá pra acreditar que as coisas são o que devem ser. É o famoso faça o que eu digo e não o que eu faço, não é mesmo? Por algum motivo eu parei na etapa de pensar em tentar ou desistir em silêncio (sabe, os momentos de covardia).

E quando a cabeça vira de ponta pro ar, demora um pouco até que tudo entre nos eixos, demora até a gente se achar de volta. Até que isso aconteça, numa hora as coisas parecem se encaixar nos seus devidos lugares pra no minuto seguinte o equilíbrio sumir outra vez. Os pensamentos não páram, não ficam em sossego num mesmo lugar, não se estabilizam. É exatamente isso que eu sinto agora.

Não só aos 19 anos, mas durante a vida, a gente faz de conta o tempo inteiro, mas tinha mesmo é que deixar de ser fingido, não acha? Isso é uma grande merda. Te digo que é melhor admitir, ainda que seja expositivo demais. É menos pesado. Carregar o silêncio nas costas pode ser desgastante. Talvez você se surpreenda ao notar mais semelhança entre nós do que imaginava. Ou então você é um rapaz e achou tudo isso um papo-de-mulherzinha insuportável (eu deixo você dar umas risadas da minha cara).

A você, filho ou filha. Um pedaço da parte frágil que os pais escondem dos seus rebentos. A nós, uma dose de transparência.

"...os edifícios abandonados, as estradas sem ninguém, óleo queimado, as vigas na areia, a lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos... por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas."

Lenine ainda me trás alguma calma. Você gosta do Lenine ou acha brega-música-de-velho-coisa-do-século-passado?

sábado, 7 de março de 2009

há que pôr o chão nos pés...

Não gosto daquela exaustão psicológico-decadente que procede uma noitada. Digo não gostar não por todas as consequências e efeitos colaterais ou qualquer coisa de ordem moral, mas por nesses dias me sentir, mais que em quaisquer outros, indiscutivelmente frágil. Frágil, sozinha, vulnerável e perigosamente entregue às saudades/fugas/crises e afins.

O creme de 10 minutos pro cabelo está no meu há 7h. A televisão está chata, os melhores amigos incomunicáveis, a concentração de leitura impraticável. A música está alta ou baixa demais (há horas procuro a intensidade ideal), o cobertor quente demais pra temperatura de agora, o sono quitado. Os litros de reflexões que vêm e se atropelam não deixam que qualquer raciocínio se conclua, são dezenas de interrogações sem respostas, objetivos semidecididos e conflitos não-resolvidos. As palavras não saem (não as que eu preciso que saiam) nem escritas nem faladas porque é fato que tem dias nos quais não adianta nada conversar com qualquer pessoa ou escrever em qualquer papel. O papel não cura e as únicas pessoas que ouviriam qualquer das idiotices que eu precisasse proferir, que saberiam diferenciar o que eu falo por falar e falo por sentir, os que conseguem me ver sem qualquer véu de disfarce que eu tente adotar, por algum motivo, não estão presentes. E esse conjunto de sensações faz do meu um dia longe de ser legal.

Solitária a multidão, vazia. Saber que a inserção da forma que lembro chega pra mim cheia de venenos (e que de outra forma não seria) faz crescer explosivamente a impressão de estar totalmente sozinha com a multidão que está longe de me conhecer. Me sinto uma estranha, guardando tudo, sendo a única a saber quem eu sou. E quando pergunto "quem aqui conhece mais que minha carcaça?" não acho nome nenhum pra responder. Não que seja culpa de alguém, é de ninguém. Mas é inevitável não lembrar de quando não era assim. É inevitável não me sentir absurdamente sozinha e anônima (e tendo a acreditar que nessa condição há vários além de mim).

Há dias em que não somos nós. Algumas vezes num mesmo dia fugimos de ser pra evitar o tédio. Mas quando o equilíbrio parece alterado é melhor não forçar a barra, calar a boca e ficar em casa mesmo. Acordar, lembrar das últimas horas e discordar de muito é quase como um atestado próprio de burrice, porque é inacreditável como num surto qualquer de semi-insanidade ou pseudoeuforia a gente pode acabar sendo o que não gosta. Soprando aos quatro ventos reflexões nas quais não acreditamos, sorrindo e assentindo, dizendo coisas que não achamos legal dizer... e por quê raios? Começo a odiar muito do que lembro e a idéia de apagar atos, escritos, ditos se consolida numa ambição quase irresistível não fosse a impossibilidade de concretização. Vem a urgência de mudar tudo, ou quase. Ainda não sei tudo que vou decidir ser mas sei o que quero apagar, ao menos grande parte, e começo por agora.

Há que pôr o chão nos pés.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Vai, alegria!, que a vida, Maria, não passa de um dia. Não vou te prender. Corre, Maria, que a vida não espera (é uma primavera, não podes perder)!

mais chico se ouve, mais chico se descobre: cura-tédio que dura a vida inteira.
calordosinfernos
sabe quando dá vontade de escrever e não sái nada?
bloqueio
é.
e tem algo pra amanhã
e eu lembrei agora que é uma reflexão ridícula
(ridículaidiota)
que foi passada na aula
ridícula!
eu nem fiz, droga
isso aqui tá ficando ridículo

segunda-feira, 2 de março de 2009

Belela diz:
é esse, então, o motivo da crise?
carôl diz:
também. tô numa fase metamorfótica na qual eu perco minha personalidade até descobrir o que eu preciso procurar de volta. acontece uma vez por ano ou uma a cada dois, por aí, mas sempre acontece e é estranhão. isso que me deixa meio louca e inconstante. o resto eh só uma crise adicional.
Belela diz:
você precisa voltar as origens, carol. hsuhausas amigas antigas, sabe como é. um ponto com o passado... haha uma época feliz da vida em que não haviam fins nem projetos em abundância.
carôl diz:
ahuahauhauahuahauahua (L)
Belela diz:
hahaha
Belela diz:
não desista de mim.
carôl diz:
nunca desisti
Belela diz:
aaah, mas nunca nem me chama pra um almoço, que seja
Belela diz:
poxa, isso é mesmo complicado, né?
carôl diz:
eu não sei seus horários. você tem aula de tarde. que dias são tranquilos pra almoçarmos?
Belela diz:
ah, hora de almoço é sempre 12h. não venha com essa hsuhauhsuhsas
carôl diz:
almoço quinta? enton?
Belela diz:
essa? fechou.


nhim saudadinha! ela sempre sabe me convencer.

canetapapel
naskjdndociojsaskljcnidhaslkdjmahdlkmaçlsjcdihfcoijrokçalsdcn
sonoridades improváveis e outras bizarrices mais
clec clec clec
me sinto limitada por palavras
(merdaponto)
ou seja tudo uma quarta dimensão
curious
whata bloody hell?
EXPLODE!
pow
nada
.


b o a n o i t e

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

?

tem razão?
o corpo quando desobedece a vontade..
a boca quando cala, opositora...
a palpitação quando contradiz o razoável...
os sentidos quando negam qualquer sinal de bom senso...
a alma quando continua chutando pra frente o que talvez devesse desafiar a inércia...
as músicas quando se fazem nossas...
a caneta e os personagens semi-reais quando artifícios pra parecer tudo um pouco mais trivial...
pra tudo isso, tem razão?
uma palpável, real, lógica.
uma convincente e justificável.
tem?

sábado, 21 de fevereiro de 2009

bolas de fumaça



fumo agora em grandes bolas de fumaça os litros e litros outrora sorvidos brutalmente pelos olhos.
viram cinzas.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

banging in my belly...

i hear them talk as i walk... yes, i hear them talk. i hear they say: expect the final blast!

Fim de férias. O clássico. Isso sempre é escrito, seja em carta pro amigo que mora longe, seja na cabeça pra quem não está aqui pra ler a carta, seja pro imaginário que ainda não apareceu... Uma época sem nada que sempre chega carregada de reflexões e promessas, desdas mais fúteis até as quase-impossíveis. Uma pausa que sempre nos incita a mudar algo, qualquer coisa, nem que seja a cor do cabelo, e desde crianças estamos condicionados a isso: mudar de caderno, de estojo, blablablá e sabedeus quem pôs isso na nossa cabeça. Acho estranho, pensando assim agora, mas não era isso que pretendia dizer (na verdade, não havia algo que eu pretendesse dizer). Mas não vou fazer um balanço detalhado dos meus dias nem confidenciar meus planos. Menos por vontade e mais por distração, menos por direito e mais por tradição, darei continuidade ao nada além do ordinário resumo de férias.

Oito livros. Pelas milhares de páginas, me vi em muitos personagens, achei minhas frases roubadas (aquelas que escrevem antes de mim e quando leio só consigo pensar "ei! eu que quero dizer isso!")... Pelas histórias, fui Fermín, Bernarda, fui mesmo Clara Barceló, Bea, Miquel Moliner, Penélope Aldaya e Júlian Carax. Mais que todos eles, fui Núria Monfort e os Sempere, ora pai ora filho, como se os autores me conhecessem e baseassem todos seus personagens em mim. É bom se achar assim em certos livros. A parte gêmea nos involve, e a desigual ensina. O tocador de som, ao lado, silenciado por não haver álbum sem alguma música-fora-de-hora (aquelas que não devem ser ouvidas em épocas específicas) voltou a tocar todas as faixas, agora novas -mesmo as antigas estão novas. Livros cadernos canetas empilhados, o copo cheio cheio apoiado, a janela a tarde e a noite em congruente poesia... Depois disso, pressinto o estável.

Depois da praia e tudo que ela envolve, do novo ar, do céu. Depois de todos os livros, filmes, músicas e até mesmo os 100 episódios de Lost (é, 1ª e 2ª temporadas, uma verdadeira overdose =p). Depois de todas as toneladas de pensamentos entre um dia e outro, das incontáveis folhas escritas guardadas ou amassadas, das citações, dos personagens profetas professores... Depois de todas as criancices e rabugices, das ponderações e de todos os delírios... "nine out of ten", "you don't know me", "it's a long way" e "o quereres" depois... as coisas retomam os seus devidos lugares. Ciclo mutacional se aproxima do encerramento e o bom desafio de sempre, reaprender a mais recente carolina, se descomplica como deve. Corto aqui o fio da meada porque o que há de mais talvez nem eu parasse pra ler.

Achados (álbuns):
Caetano Veloso - Totalmente Demais (1986)
Caetano Veloso - Transa (1972)

feel the sound of music banging in my belly...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

o céééu, o sooool, o maaaaaar!

As idéias parecem fluir muito melhor no escuro. Às vezes tenho medo do escuro, mas não é o caso de hoje. Não é nada sombrio ou funesto (na verdade, só é sombrio quando me traz medo). Hoje, o escuro está poético! A luz - me refiro à luz forçada, inventada, artificial - dispersa, distrái, sobretudo quando a atenção se volta pro lado de fora da janela. Atrapalha as cores de lá (o céu), os sons (mar, vento), as luzes de lá (estrelas, lua), tudo.

A noite aqui é bela, suave. O som das ondas logo ali, o azul clarinho do céu mesmo de noite... o ar chegando tão espiritualmente puro, carregado de uma energia que cura e renova. Acaricia a pele, caminha macio pelos pulmões, balança as cortinas e sopra os acordes mais divinos, arrasta todo peso pra longe.

Não é o ar leviano e sarcástico, destrutivo, toneladas dentro do corpo, que senti já em tantas cidades, como se elas (cidades) fossem vampiros que sugam o que há de melhor dentro das pessoas pra trasnformá-las em carcaças ambulantes. É uma atmosfera completamente diferente, como se não fosse o mesmo mundo. Talvez seja a praia. Talvez o mar absorva toda a podridão do primitivismo irracional que distrói vidas todos os dias em todos os lugares. Talvez a força das ondas intimide a fraqueza humana, e aí tudo soa sublime, tudo balança com mais harmonia. Apesar de tudo que existe de errado, o ar sopra diferente, como consolo ou carinho. É leve, inexplicavelmente leve. E nada do que eu escreva poderá explicar a sensação de respirar aqui. Presente.

Certo dia me peguei numa representação insana, algo detalhável apenas pra bruno-lyz-lu, e na fuga da loucura que todos temos, uns mais outros menos, dentro de nós, me esbarrei com a realidade irrefutável ali, logo depois da limítrofe de vidro. Pela milézima vez, não com menos magia que das outras, me encantei. E como me encantei! O cd naquele momento era o ideal (e agora os cds voltaram a rodar todas as faixas sem incômodo). A melodia perfeita consonante com as cores e os sons da linda noite de Recife. E assim, balbuciando uma música de uma vez, descubro a cada dia, como a criança descobre síladas, mais algum detalhe ali pra contemplar. Uma calma imensa me invade nesses momentos.

Em concorrência com a magia da noite, só o fim da tarde. Os coqueiros em contraste com uns dos azuis-mar-e-céu mais lindos que eu já vi. Cenário perfeito. Lindo-quase-impossível! Tipo aquelas perfeições que me fazem achar que vou morrer logo em seguida porque não vai caber mais em mim algo tão extraordinário.

O fim da tarde... o sol se pondo... Definitivamente, caminhar na praia ouvindo mombojó ao pôr-do-sol foi uma das coisas mais sensacionalmente mágicas que já fiz. Novo cenário-lembrança, aqueles coqueiros, aquele céu, aquele mar, com aquelas matizes em conjunto, exatamente da forma indescritível em que estavam... agora viraram sinônimos. E, ao contrário das memórias que desejo manter sempre nos mesmos acordes e cheiros, dessa vez eu amei não impedir a música de ganhar novo significado.

andando reto sem destino, lalalalá lalalalá

domingo, 1 de fevereiro de 2009

alguns laços muitos nós

Tempos depois, as cenas repassam repetidamente pela memória e congelam como fita velha naquela imagem. A imagem vista de longe, poucos e avassaladores segundos depois do adeus contundente, só ela sabia. Observava-o impetuosamente em segredo: o andar muito leve, um sorriso descabido. Foi tão fácil? Nem respeito? Pouco antes, pensara em mais um minuto para torná-lo último com cuidado. Ele preciso ir, ela tchau virou-se, não houve o minuto. De modo que não se soltaram por imeditado, ela se permitiu lançar mais um meticuloso olhar, o último daquela forma, olhar último nos últimos segundos de posse. Côncavo/convexo, rima/verso... Num dia como aquele, numa situação como aquela... ele riso ela pranto, não mais que um minuto após a despedida. Estrangeiro, por que sorrias?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

aquele blues

hoje quis gritar o blues de Cazuza com o bumbo na praça
(pois há um incêndio sob a chuva rala)
pra todos os rostos - a cada verso um rosto.
a cada trecho, mais alguém
a cada frase uma dedicatória.
foi bom. o ato. cantar pra todos muito embora não ouçam.
hoje foi bom, amanhã não seria necessário.
mas nada muda o fato de que se encaixam em tantos, os versos, em tantos!
não deveriam.
é esse o grande mal,
o grande responsável por todo o mal.
não digo ser diferente,
gostaria de ser, tento ser
e procuro acreditar que venço um pedaço insignificante a cada dia
mas sou ainda e sempre parasita do mundo e da vida,
(condição humana, burra condição)
também há o verso meu
(que me esbofeteia a face a cada vez que se faz existir em sons)
somos iguais em desgraça, afinal.
uns mais, outros menos, somos todos iguais.

domingo, 25 de janeiro de 2009

meta morfo ose

Como a cobra trocando de pele ou a borboleta mudando a cor das asas são as minhas metamorfoses, embora eu prefira borboletas a cobras. Fases que sempre foram um enigma, talvez por eu nunca ter tentado entender o processo. O mundo muda o tempo inteiro, gratativamente. Todo mundo vê e percebe. Mas às vezes é diferente, e nunca procurei saber se é só comigo (curiosidade). É algo que pára de ser gradual e, de repente, se torna explícito. Os motivos que desencadeiam essa reação nunca são os mesmos, não são nem sequer semelhantes. Há vezes até sem motivo. É bombástico e explode numa velocidade imensurável, repentinamente, sem aviso (e digo ser esse o único ponto em comum entre todas as metamorfoses).

Os textos estão incompletos em sua maioria, nunca sei como finalizá-los. Escrevo duas frases, deixo o resto pra depois. No dia seguinte, releio e adio mais uma vez. Até que isso se repita consideralvelmente, até que as duas frases percam o sentido, até que com as frases suma também o sentido de escrever aquilo que comecei, até que aquele pensamento de início tenha se transformado em outro completamente diferente. Hoje percebi que são folhas e mais folhas no caderno que estão sem continuidade. E a maioria vai continuar assim porque não acho continuidade para elas.

Em um momento coisas-chave do meu dia-a-dia parecem importantes demais. Depois parecem que não deveriam significar tanto, embora signifiquem (irrita). No momento seguinte já não importam. Mas o próximo dia amanhece e elas importam demais outra vez. É uma loucura! Em certos momentos é engraçado viver essa fase, mas em outros é mesmo incômodo (mais um ponto de instabilidade... como algo poderia ser cômico e desagradável ao mesmo tempo?). Até a forma de ver isso acontecer muda de minuto pra minuto. É nessas horas que eu penso se não é todo humano um pouco louco, ou se quanto mais humano mais louco, quanto mais loucura mais se sente e por aí vai... Todo mundo é parte louco, ou sou eu, ou ..... existe limiar entre a normalidade e a loucura? Acho que já me perguntei isso uma vez.

Sei que tudo isso acarreta mudanças muito drásticas e rápidas, mesmo que eu nem saiba direito o que já mudou. Mas dá pra sentir mesmo sem saber o quê. É tão estranho! Os textos que escrevi há dois, três, sete dias, ontem... me parecem palavras de anos atrás, como se eu de repente olhasse pra minha infância e me divertisse com a ingenuidade daquilo. Os mais fortes tendo a apagar, e foi assim que muitos blogs meus foram deletados . As vezes quero apagar tudo, ou fazer outro blog em anonimato pra mudar completamente de vertente, pra publicar todos os textos que não teria coragem de atribuir a mim. A vontade vai e volta, e só não faço um blog pros meus textos proibidos porque já tentei anonimato várias vezes, e em todas acabei sendo descoberta. Prometi não reler meus últimos textos concluídos (publicados ou não), pra não querer apagá-los, pra não destruir todos os registros que podem ser importantes pra mim num futuro distante. Aliás, já são muitas as promessas que me fiz. Algumas já perderam sentido de ser, outras são óbvias e não sei por que precisaram ser promessas, outras perduram com dificuldade... Os detalhes se perdem. De repente os motivos que me levaram a um pensamento ou outro, uma promessa ou outra, caem no esquecimento. E eu que sempre lembro detalhes de tudo, subitamente não me reconheço por não lembrar o que pensava ao encostar a caneta naquela folha horas ou dias antes.

Como se minha personalidade fosse anulada por dias ou meses pra formar outra. Como se outra Carol estivesse nascendo, não aos poucos como acontece na maior parte do tempo, mas de forma rápida e conclusiva. É quando os antigos pensamentos e as antigas opiniões precisam se adaptar com urgência porque não funcionam mais. É o momento em que eu não funciono mais pra mim e preciso mudar rapidamente pra entrar em concordância de novo, pra combinar de novo, pra sintonizar de novo. É quando eu preciso me achar, me descobrir mais uma vez (tipo puberdade fora de época, pra ser mais taxativa, apesar de que odiei nomear assim). Acho que é isso que acontece. Quando algum acontecimento me provoca sentimentos muito fortes, começa meu período de mutação explosiva. Eu sumo (não fisicamente, das pessoas ou do mundo... o que eu costumava saber de mim some) durante um tempo, e fico assim, mudando de ponto de vista e opinião o tempo inteiro. As palavras perdem significado, as frases de ontem soam como lembranças remotas de um passado muito antigo, as frases novas não harmonizam com as de antes e a mudança de um dia pro outro é tão notória que chega a assustar. Acho que cresço muito rápido nessas fases.

As músicas estão parando, finalmente, e os sonhos me incomodam menos agora. Começam a ser esporádicos e mais controláveis. Me orgulhou um deles em especial, o último. Foi muito bonito, terno e real. Daqueles sonhos-de-verdade que só uma pessoa lembra quando acorda, e só eu lembro, provavelmente. Fui mais sensata do que poderia prever e vi minha postura como fator determinante pra firmar em breve o equilíbrio dos meus pensamentos e atitudes. Fica em mim a lembrança daquele momento bonito. E que esteja só em mim, conscientemente, já parece bom o bastante.

Por enquanto estou burra, sem personalidade, falando diferente-destrambelhada-estranha-compulsiva, não sei quem sou o que penso o que quero (agora foi aliviante confessar, mas logo será constrangedor), e se me perguntarem qualquer coisa profunda sobre a natureza humana ou sobre a minha natureza vou responder que nem modelo: "ããããã, éééée, tipoooooo, hummmm, cara, tipo foda isso... acho-que-sei-lá!". Dá vergonha, eu admito. Mas mantenho a calma porque já aconteceu muitas vezes. E isso dura pouco tempo até que finalmente alcanço a estabilidade, descubro o que procurar, pontuo o que quero e não quero, redescubro o que gosto e não gosto, decido como quero agir no futuro, encontro o ângulo de visão que mais me parece coerente, marco os defeitos que vou melhorar em mim, mentalizo os erros que me recuso a repetir, e saio em busca de tudo até achar o que preciso, até a próxima metamorfose.

Enquanto isso eu permito que vocês dêem umas risadas. Tô bem burra-caricata mesmo, até eu rio disso (dependendo da hora). É curioso. Mas dá um nó na cabeça muito grande mudar de opinião a cada minuto. Começo a cansar. Mas daqui a pouco isso pára, tudo se estabiliza, eu volto a ser uma pessoa (consciente da condição de ser e saber ser pessoa) e espero sentir que a mudança valeu à pena. Seria engraçado (ou não) ouvir a opinião de um psicólogo (eles iam viajar e criar teorias mirabolantes, com certeza). Um dia, ainda acho mais alguém que tenha isso pra que eu me sinta um pouco mais normal.

"eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." Ó céus! Achei mais alguém, apesar do Raul não ser o maior exemplo de sanidade que eu já vi. Acho "ambulante" um exagero, e o que eu quero dizer não chega a ser oposto ao que eu disse antes, é só diferente. Meta morfo ose (do jeito que escreve parece até doença)... meta não seria parcial? Talvez Raul seja louco-exagerado e eu seja louca parcial. Vai saber lalaiá-laiá... ♪

Meta (agora como objetivo): achar alguém suficientemente são que compartilhe desse fenômeno comigo, além do Raul. ¬¬

*Agora, voltarei pra varanda porque Recife está lindo, liiiiiindo demais!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

minutos de Lily

Na temperatura subitamente febril, notando rubras as faces (sentindo como Lily Brown), as mãos em descontrole encontram os bolsos. O sorriso nervoso assume até ser inevitável a evasão automática não-pensada. As cenas passam como um flash borrado sem que os detalhes sejam vistos. Rápido, confuso, tocante, penetrante. As pessoas e as vozes somem de repente e tudo vira um redemoinho de coisas não identificáveis. Redimo-me, em um olhar, dos meus excessos e algumas faltas. Olhar que não passa, exceto para mim, de um qualquer. Olhar. E as palavras que ele contém se perdem no momento fugaz entre a prosa e a parada, entre a observação atenta e o tímido desvio. São palavras que agora escrevo (madrugada) sem enxergar as linhas ou o papel. Só para que não se percam antes que termine o dia. Antes que chegue o sono e cheguem os sonhos que não quero ver.

Na espera, vou negando as aparências, disfarçando evidências, e os cigarros que não fumei me roubam o cheiro que quero, espero. Roubam-me tudo. Tudo me rouba. Os sentidos. Os sentidos me roubam. Os olhos caminham em volta procurando o tempo inteiro, então as músicas (tantas) aparecem quando menos quero ouvir, na rua na mesa na boca, na minha ou em outra boca.

ah! eu juro... eu juro! (acordei com essa de novo, sem ouvir sem como sem querer)

Até um dia!
Recife me chama.

domingo, 18 de janeiro de 2009

saudades da lyginha.
pseudoaniversário dela.
espaço de hoje em dedicação exclusiva.
(f)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Editado. Falatórios podados.

Do filme de hoje: “Talvez a saída esteja em não desistir de procurar uma saída, mesmo que ela não exista!” ... Uma mentira bonitinha.

Cinema. Grande arte. Textos excepcionais que me fizeram desejar a qualquer custo um livro deles. E a cada vez que minha vida se esbarra com essas obras, eu sinto mais uma vez como elas fazem bem e o hábito vira um vício muito rapidamente adquirível. Ouvi as mais belas frases que talvez já tenha ouvido e quis muito que várias daquelas frases chegassem como um megafone no ouvido do mundo. Parece que o filmes me escolheram e não o contrário. Chegaram na hora exata e me fizeram ver situações por outros ângulos, e aceitar mais ângulos. Não pondo em dúvida minhas verdades. São verdades, mas não são as únicas.

Descobri que gosto de poesias mais do que imaginava. Costumo dizer que não gosto delas, mas eu não gosto é de rimas. Não que não tenham seu valor. Mas não gosto da sonoridade. Parece ensaiado demais, artificial, planejado. Não tem liberdade, parece que nem sempre pode falar o que quer falar, nem sempre poder tocar como quer tocar, porque o poema fica preso, a sonoridade é repetitiva (obviamente) e impede que o leitor entre e se encaixe e se embale profundamente nas palavras. Dei sorte com os pacotes de poesias, e o trajeto do ônibus durou o tempo perfeito para que eu pudesse lê-los com atenção e escolher os preferidos (posto algum aqui em outra oportunidade). José Paulo Paes e Fabrício Carpinejar. Adorei.

Agora tenho cadernos pra registrar as frases e textos que se perdem por falta de papel, como muitas durante essas férias. Se se não fosse algo breve que pudesse caber facilmente numa nota fiscal de supermercado, acabava se perdendo. Fiz dedicatórias nas primeiras folhas. Sempre imagino, daqui a 30 anos, o envelope chegando pelo correio na casa de um grande amigo ou amiga, com um caderno dentro e um bilhete escrito: “Achamos que devesse ficar com você, o(a) único(a) que podia lê-lo. Faça dele o que quiser.”. Acho poético. Sabedeus por quê. Mas acho.

planeta chatoniano

[se me permites, murilo.... porque há momentos que são impagáveis e esse eu precisei registrar.]

Murilo diz:
meeeu. vc falo chata lembrei... conheci uma menina q lembra mto vc no jeito dela
carolina carolcarol diz:
vc conheceu uma menina chata que te lembrou de mim ¬¬ adorável isso
Murilo diz:
uhaahuuhahuauha entao... ela eh xata de um jeito legal. isso eh tao raro. vc eh assim tbm soh q eh mais legal e menos chata do q ela
carolina carolcarol diz:
como vc define a dela/minha/nossa chatice?
Murilo diz:
como uma implicancia generalizada sobre tudo que eu gosto/faço/ouço/conheço/desejo e discordancia com todas as minhas opinioes...
carolina carolcarol diz:
que nada. vc que resolve gostar das coisas que eu odeio. meu ódio é primordial
Murilo diz:
mas soh q tpw... 2 pessoas q nao gostam da msma coisa nao deveriam nem ao menos conversar... que dira serem amigas jah q todos os papos incluem algum tipo de zuacao com o outro. mas ateh q eh legal
carolina carolcarol diz:
discordo. tive poucos amigos que tivessem exatamente os mesmos gostos e opiniões que eu. tipo, em tudo
Murilo diz:
se vc concordasse eh q seria estranho. entao... vcs sabem encher o saco sem ultrapassar o limite
carolina carolcarol diz:
tem uma amiga que parece mais comigo, em questão de chatice e gosto musical e gosto por todas as coisas, e a gente se dá meio mal.
Murilo diz:
ok... vcs sao de outro mundo... q soh se dao bem com pessoas desse mundo... e pessoas do seu mundo conflitam... chamaremos seu mundo de "o mundo dos chatos". qndo encontrarmos alguem proveniente de lah, vc deve se retirar imediatamente... indentificaremos o ET como chaterrestre
Murilo diz:
nao gostei do nome
Murilo diz:
chatoniano
Murilo diz:
bem melhor
carolina carolcarol diz:
ahuahauahua
carolina carolcarol diz:
dooooooreeeeeeeei! eu sou uma chatoniana!
Murilo diz:
hauuhauhahua
chatoniana carolina diz:
ahahauahuahua
Murilo diz:
ow carol eu nao vou precisar ver o filme gay depois neh?
chatoniana carolina diz:
Gérard Depardieu é Alain Moreau, um cantor de boate que faz sua vida em boates locais, chás dançantes e convenções de fábricas. Ele sabe que nunca será um grande cantor, mas ama cantar e esta é a sua vida. Até encontrar Marion (Cécile De France), uma mãe solteira com um triste passado...
chatoniana carolina diz:
olha! eh frances! deve ser super artistico
Murilo diz:
entao. estamos de fehrias. precisamos de hollywood e nao arte. PENSEM POR MIM!
chatoniana carolina diz:
filmes franceses sao otimos! nao eh um filme cult de pensar. eh um filme bonito frances
Murilo diz:
GAY
chatoniana carolina diz:
deixe de preconceito e assista
Murilo diz:
estudos de antropologos e ufologistas confirmam que para uma boa convivencia com chatonianos eh necessario fazer com q os mesmos o convencam a fazer as coisas... eles fazem isso bem...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

apenas em disfarce.

Andou pra frente sem tempo de olhar atrás para ver se afastar, com o vento, a querida parte que lhe fora perdida. A vontade de dar meia-volta e a sensação de querer tanto o que não se repetiria tomou-lhe por inteiro, dos pés até travar na garganta, até entender o que acontecera, até se despedir tremulamente, agora em pensamentos (lembrando inevitavelmente os atos, os sentidos). E, entre um suspiro e outro, se percebeu cercada de dezenas de olhares desconcertantes, pelos vinte minutos que se seguiram, condolentes e nada discretos. Dezenas, dentro e fora do trem (pois, chapeus e óculos escuros não são mais proteção a partir de determinado horário). Tudo (que era muito) juntamente com a seqüência de músicas no rádio de bolso tocando, ironicamente, como trilha (mais uma) da pontada que lhe tirava a força, como alfinete na ferida. Pareceu-lhe inacreditável que assim tenha sido: Mal nenhum me deixem amolar e esmurrar a faca cega, cega, da paixão, e dar tiros a esmo, e ferir o mesmo cego coração, Completamente Blue como é estranha a natureza morta dos que não têm dor! como é estéril a certeza de quem vive sem amor!, Todo amor que houver nessa vida e o corpo inteiro como um furacão: boca, nuca, mão e a tua mente não (versão de Caetano), Eu preciso dizer que te amo eu perco o sono lembrando em cada riso teu qualquer bandeira... te ganhar ou perder sem engano... tanto! (justo essa) e, pra fechar, a música do Moska na voz de Mart’nália... a última canção que sempre quis dedicar sem nunca tê-lo feito (dedico agora em forjada discrição como pedaço dos meus pensamentos, como última declaração ou jura, como despedida). Quase inacreditável mas assim foi, nessa ordem, uma atrás da outra. Ironias, grandes ironias. Porque no meio de tantas, justo essas tocaram. E assim desistiu de músicas, pelo menos por aquele dia. Andando pra frente, tentando ser durona e, mais tarde, se rendendo às suas já explícitas saudades, planejando silenciá-las (o sigilo, o amigo de sempre, sigilo) o quanto antes.
(e a partir de agora me calo quanto a isso, pelo menos publicamente, pelo menos explicitamente... a não ser que elabore um disfarce bem melhor que esse, digno da alcunha de disfarce
)
OBS: O link vale pela música, jamais pelo vídeo.

Sorvete com a irmã! (nem era afim do sorvete, mas não dá pra quebrar tradição)

Ou talvez não sejam meus, nem nunca tenham sido, nem nunca venham a ser.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sentou no sofá, a música alta, a televisão muda ligada... Escolheu um canal qualquer, sem critério, sem atenção. Deixou a mão soltar o controle apenas quando cansou, cansou de procurar.... (é, dá pra cansar de procurar canais de televisão). Talvez seja o auge do tédio que impeça até o tédio-de-ver-tv de se concretizar. Pensou no que incomodava, pensou no que doía, pensou nas dores que se repetem fatigantemente, e depois cansou. Ficou por horas olhando a televisão distraída, cena após cena sem significado algum. Um filme qualquer com personagens quaisquer, coisa alguma ali possuía originalidade suficiente pra lhe despertar dos seus devaneios. Longas metragens medíocres. Longas que acompanhavam uma série de curtas ali, passando na sua cabeça. Ali, suas metragens. Umas criadas sem muito pensar, dariam uma imbecilidade qualquer bem como aquela que assistia. Outras eram reais, e algumas a faziam querer que não fossem nada além de nada. Entre suas frivolidades, o esmalte vermelho descascado (acetona! fingiu querer para esquecer qualquer outro desejo). O esmalte vermelho, o odiado sofá verde-folha, quanto mau-gosto!, o livro ali do lado sem ser aberto. Deixava a televisão só para fitar a capa do livro que não quis ler, mal percebendo a ordem aleatória da lista de reprodução que escolheu, sinistramente, as maiores melancolias de Lisa Hannigan pra tocarem uma atrás da outra. Horas se passaram, ela, seu silêncio, e suas indagações dispersas, até o filete de sangue vermelho-pitanga pelo queixo da moça gritando silenciosa na tela lhe despertar, por segundos, enquanto censurava, mais por mania do que por censo, nunca vi sangue dessa cor.
Estive atento às prognoses de um coração marcado. Aos olhares lacônicos, furtivos; aos olhares industriosos, penetrantes. Estive atento à chegada inebriante, às insinuações ponderadas, à dúvida encoberta, à súplica por ceretza. Estive atento aos carros, às criancinhas, aos senhores e suas senhoras. Estive atento aos ingênuos, aos amargos, aos amantes. Por muito tempo, estive atento. E digo que dos objetos de minha atenção, nem todos me foram úteis. Seriam suficientes uns poucos, quedaria-me no simples ato da observação adorada. E são esses poucos os grandes brilhos do meu dia... (serão meus ainda e sempre).

dura a vida alguns instantes quando cada instante é sempre

domingo, 11 de janeiro de 2009

Transparece, então, o paradoxo de ser humano imerso imersoimensointensodisplicentedispensável em falhas e discordâncias. Porque, uma vez pertencendo a tudo que vivi, só me resta o silêncio cúmplice, culpado, sem direito a exigências. Um exemplo? Nos permitimos escrever até doer, em certos dias, mas, nesses mesmos dias, não falamos, não queremos nem sequer cantar (por um motivo ou outro, ou por motivo algum). A questão é: mesmo diferença entre palavras escritas e faladas? Por que não há paz em se sentir bem em silêncio com uma música qualquer? Por que o mundo duvida da alegria por não ser sempre saltitante? Por que minha alegria não pode, vez ou outra, se deixar descansar, se aconchegar em mim pra adorar os acordes que ouvimos juntas? Por que não há paz? Não pode haver paz? Há sentido em selecionar frases com significados pela metade para que o ínterim do texto, guardado em algum lugar, permaneça em sigilo? Pra quê sigilo? Há sentido? Agora, literalmente, existe sentido em algum lugar... qualquer lugar? Quem o inventou? Pra quê serve?

Existe?