sábado, 14 de fevereiro de 2009

o céééu, o sooool, o maaaaaar!

As idéias parecem fluir muito melhor no escuro. Às vezes tenho medo do escuro, mas não é o caso de hoje. Não é nada sombrio ou funesto (na verdade, só é sombrio quando me traz medo). Hoje, o escuro está poético! A luz - me refiro à luz forçada, inventada, artificial - dispersa, distrái, sobretudo quando a atenção se volta pro lado de fora da janela. Atrapalha as cores de lá (o céu), os sons (mar, vento), as luzes de lá (estrelas, lua), tudo.

A noite aqui é bela, suave. O som das ondas logo ali, o azul clarinho do céu mesmo de noite... o ar chegando tão espiritualmente puro, carregado de uma energia que cura e renova. Acaricia a pele, caminha macio pelos pulmões, balança as cortinas e sopra os acordes mais divinos, arrasta todo peso pra longe.

Não é o ar leviano e sarcástico, destrutivo, toneladas dentro do corpo, que senti já em tantas cidades, como se elas (cidades) fossem vampiros que sugam o que há de melhor dentro das pessoas pra trasnformá-las em carcaças ambulantes. É uma atmosfera completamente diferente, como se não fosse o mesmo mundo. Talvez seja a praia. Talvez o mar absorva toda a podridão do primitivismo irracional que distrói vidas todos os dias em todos os lugares. Talvez a força das ondas intimide a fraqueza humana, e aí tudo soa sublime, tudo balança com mais harmonia. Apesar de tudo que existe de errado, o ar sopra diferente, como consolo ou carinho. É leve, inexplicavelmente leve. E nada do que eu escreva poderá explicar a sensação de respirar aqui. Presente.

Certo dia me peguei numa representação insana, algo detalhável apenas pra bruno-lyz-lu, e na fuga da loucura que todos temos, uns mais outros menos, dentro de nós, me esbarrei com a realidade irrefutável ali, logo depois da limítrofe de vidro. Pela milézima vez, não com menos magia que das outras, me encantei. E como me encantei! O cd naquele momento era o ideal (e agora os cds voltaram a rodar todas as faixas sem incômodo). A melodia perfeita consonante com as cores e os sons da linda noite de Recife. E assim, balbuciando uma música de uma vez, descubro a cada dia, como a criança descobre síladas, mais algum detalhe ali pra contemplar. Uma calma imensa me invade nesses momentos.

Em concorrência com a magia da noite, só o fim da tarde. Os coqueiros em contraste com uns dos azuis-mar-e-céu mais lindos que eu já vi. Cenário perfeito. Lindo-quase-impossível! Tipo aquelas perfeições que me fazem achar que vou morrer logo em seguida porque não vai caber mais em mim algo tão extraordinário.

O fim da tarde... o sol se pondo... Definitivamente, caminhar na praia ouvindo mombojó ao pôr-do-sol foi uma das coisas mais sensacionalmente mágicas que já fiz. Novo cenário-lembrança, aqueles coqueiros, aquele céu, aquele mar, com aquelas matizes em conjunto, exatamente da forma indescritível em que estavam... agora viraram sinônimos. E, ao contrário das memórias que desejo manter sempre nos mesmos acordes e cheiros, dessa vez eu amei não impedir a música de ganhar novo significado.

andando reto sem destino, lalalalá lalalalá

Um comentário:

Lila Ricken disse...

Que bom que recife está te fazendo bem... =D

saudade de vc....