segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

minutos de Lily

Na temperatura subitamente febril, notando rubras as faces (sentindo como Lily Brown), as mãos em descontrole encontram os bolsos. O sorriso nervoso assume até ser inevitável a evasão automática não-pensada. As cenas passam como um flash borrado sem que os detalhes sejam vistos. Rápido, confuso, tocante, penetrante. As pessoas e as vozes somem de repente e tudo vira um redemoinho de coisas não identificáveis. Redimo-me, em um olhar, dos meus excessos e algumas faltas. Olhar que não passa, exceto para mim, de um qualquer. Olhar. E as palavras que ele contém se perdem no momento fugaz entre a prosa e a parada, entre a observação atenta e o tímido desvio. São palavras que agora escrevo (madrugada) sem enxergar as linhas ou o papel. Só para que não se percam antes que termine o dia. Antes que chegue o sono e cheguem os sonhos que não quero ver.

Na espera, vou negando as aparências, disfarçando evidências, e os cigarros que não fumei me roubam o cheiro que quero, espero. Roubam-me tudo. Tudo me rouba. Os sentidos. Os sentidos me roubam. Os olhos caminham em volta procurando o tempo inteiro, então as músicas (tantas) aparecem quando menos quero ouvir, na rua na mesa na boca, na minha ou em outra boca.

ah! eu juro... eu juro! (acordei com essa de novo, sem ouvir sem como sem querer)

Até um dia!
Recife me chama.

Um comentário:

aquela garota ali disse...

"São palavras que agora escrevo (madrugada) sem enxergar as linhas ou o papel. Só para que não se percam antes que termine o dia. Antes que chegue o sono e cheguem os sonhos que não quero ver."

Adorei!