terça-feira, 13 de janeiro de 2009

apenas em disfarce.

Andou pra frente sem tempo de olhar atrás para ver se afastar, com o vento, a querida parte que lhe fora perdida. A vontade de dar meia-volta e a sensação de querer tanto o que não se repetiria tomou-lhe por inteiro, dos pés até travar na garganta, até entender o que acontecera, até se despedir tremulamente, agora em pensamentos (lembrando inevitavelmente os atos, os sentidos). E, entre um suspiro e outro, se percebeu cercada de dezenas de olhares desconcertantes, pelos vinte minutos que se seguiram, condolentes e nada discretos. Dezenas, dentro e fora do trem (pois, chapeus e óculos escuros não são mais proteção a partir de determinado horário). Tudo (que era muito) juntamente com a seqüência de músicas no rádio de bolso tocando, ironicamente, como trilha (mais uma) da pontada que lhe tirava a força, como alfinete na ferida. Pareceu-lhe inacreditável que assim tenha sido: Mal nenhum me deixem amolar e esmurrar a faca cega, cega, da paixão, e dar tiros a esmo, e ferir o mesmo cego coração, Completamente Blue como é estranha a natureza morta dos que não têm dor! como é estéril a certeza de quem vive sem amor!, Todo amor que houver nessa vida e o corpo inteiro como um furacão: boca, nuca, mão e a tua mente não (versão de Caetano), Eu preciso dizer que te amo eu perco o sono lembrando em cada riso teu qualquer bandeira... te ganhar ou perder sem engano... tanto! (justo essa) e, pra fechar, a música do Moska na voz de Mart’nália... a última canção que sempre quis dedicar sem nunca tê-lo feito (dedico agora em forjada discrição como pedaço dos meus pensamentos, como última declaração ou jura, como despedida). Quase inacreditável mas assim foi, nessa ordem, uma atrás da outra. Ironias, grandes ironias. Porque no meio de tantas, justo essas tocaram. E assim desistiu de músicas, pelo menos por aquele dia. Andando pra frente, tentando ser durona e, mais tarde, se rendendo às suas já explícitas saudades, planejando silenciá-las (o sigilo, o amigo de sempre, sigilo) o quanto antes.
(e a partir de agora me calo quanto a isso, pelo menos publicamente, pelo menos explicitamente... a não ser que elabore um disfarce bem melhor que esse, digno da alcunha de disfarce
)
OBS: O link vale pela música, jamais pelo vídeo.

Sorvete com a irmã! (nem era afim do sorvete, mas não dá pra quebrar tradição)

Um comentário:

isabela. disse...

o quê falar?

pra isso não existe nenhuma frase linda que eu vá tirar do bolso, e que servirá de remédio, calmante, analgésico ou antitérmico.

deixo um abraço, e espero que me cobre.