Sentou no sofá, a música alta, a televisão muda ligada... Escolheu um canal qualquer, sem critério, sem atenção. Deixou a mão soltar o controle apenas quando cansou, cansou de procurar.... (é, dá pra cansar de procurar canais de televisão). Talvez seja o auge do tédio que impeça até o tédio-de-ver-tv de se concretizar. Pensou no que incomodava, pensou no que doía, pensou nas dores que se repetem fatigantemente, e depois cansou. Ficou por horas olhando a televisão distraída, cena após cena sem significado algum. Um filme qualquer com personagens quaisquer, coisa alguma ali possuía originalidade suficiente pra lhe despertar dos seus devaneios. Longas metragens medíocres. Longas que acompanhavam uma série de curtas ali, passando na sua cabeça. Ali, suas metragens. Umas criadas sem muito pensar, dariam uma imbecilidade qualquer bem como aquela que assistia. Outras eram reais, e algumas a faziam querer que não fossem nada além de nada. Entre suas frivolidades, o esmalte vermelho descascado (acetona! fingiu querer para esquecer qualquer outro desejo). O esmalte vermelho, o odiado sofá verde-folha, quanto mau-gosto!, o livro ali do lado sem ser aberto. Deixava a televisão só para fitar a capa do livro que não quis ler, mal percebendo a ordem aleatória da lista de reprodução que escolheu, sinistramente, as maiores melancolias de Lisa Hannigan pra tocarem uma atrás da outra. Horas se passaram, ela, seu silêncio, e suas indagações dispersas, até o filete de sangue vermelho-pitanga pelo queixo da moça gritando silenciosa na tela lhe despertar, por segundos, enquanto censurava, mais por mania do que por censo, nunca vi sangue dessa cor.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
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