Voltei. Talvez tenha voltado. Não que eu esteja morrendo de vontade de escrever aqui. Nessa semana me alternei entre a vontadezinha e a não-vontade (palavra inventada agora). Quis escrever, mas não aqui. Acabo escrevendo um monte de textos que não publico. Acabo pensando em um monte de textos que não escrevo (lembrei agora de uma música lindíssima com a Adriana).
Pausa pra super notícia: vai ter um super show dela em Curitiba, no dia 27 de setembro. Eu preciso MUITO ir, eu super vou, vai ser meu presente de aniversário pra mim.
Pausa pra segunda super notícia: Lenine lança novo álbum de músicas inéditas em Setembro! Lenine – Labiata. Ó céus, meu coração!
Pausa pra terceira super notícia: é possível que eu super vá à falência por dois anos, porque também vai ter Maria Rita, e eu não sou nada afim de perder.
Sobre ontem, acho que estou ficando velha. Acho mesmo. Não tem jeito. Programa bom é museu, teatro, filme, dança/música, parque, jantar com os amigos, barzinho e violão, ou um bom show. Sentar e conversar sem ter que arrebentar as cordas vocais. Ouvir boa música num volume agradável. Pronto. Passou disso já dá canseira. Porque é tão difícil as pessoas gostarem disso também, meodeos?
Vamos no Kapelle? “Ain, lá é vazio”. E no Ponto Final? “Ain, só toca música de velho.” E no Mambembe? “Ainnn, lá só dá velho”. Café do teatro? “Ain, só dá gay”. Pff, tá, você quer ir em algum lugar trilha-jovem-pan com um monte de desesperados que procuram beijar a maior quantidade possível de bocas, e você pretende ser uma delas... é isso? [a famosa cena: o que você queria dizer? Volta. O que você, de fato, disse?] E nessas horas é melhor nem dizer nada.
Eu cansei mesmo dessa juventude. Cansei mesmo dos alternativos. Amiga liga. “Vamos no VU?” Ãn? Onde? “VU.” É bom? “Não sei, nunca fui!”. Tá, tô indo aí. (minutos depois) O que tem lá hoje? “Aniversário da **”. Da quem? “Da **, não lembra dela? Trevosa, do mal, yé”. Ah! ¬¬ Trevosa, que só freqüenta bar alternativo, não lê nada que não seja Buchowski e se acha a filósofa por isso. ¬¬. “Essa, isso! É, aniversário dela!” Posso adivinhar? VU é um bar super alternativo. Acertei?....
Acertei. Lugar superescuro, superlotado, com música estranha superalta, e a gente tinha que berrar horrores pra conseguir conversar. A população indie-design de Curitiba estava inteira lá. Não que estudantes de design sejam indies. Não são. Os meus queridos designers não são. Mas a população-pseudo-cult-que-se-acha-deus-do-design é indie e chata demais. Estavam todos eles lá. “Oh, como sou underground. Eu só ouço música estranha que ninguém conhece. E se muita gente conhecer eu deixo de gostar. Eu só freqüento lugares estranhos, eu corto meu cabelo igual ao dos Beatles, vou beber até vomitar o bar inteiro. Ai, eu sou retrô, falo 10 palavrões em cada frase, sou doida pra caralho e minha mãe acha que eu sou lésbica. Uau, eu sou revoltada, uau, eu mando em mim, uau, eu acabo de tirar foto com cara de drogado com meu rímel escorrendo até o queixo, eu sou decadente, eu sou foda, uau, eu me comeria”. Não tenho mesmo paciência pra isso. Dá pra gostar de coisas antigas, dá pra ouvir Beatles, dá pra usar allstar e melissa, dá pra usar verde com vermelho, dá pra ouvir música antiga sem pagar uma de alternativinho-que-despreza-não-alternativinhos. Quem ouve Bob Marley tem que vestir blusa da Jamaica e fumar maconha? Quem faz Design tem que se vestir estranho e ser homossexual? Quem ouve rap tem que se vestir e andar que nem maloqueiro? Quem curte metal tem que se vestir de preto e deixar o cabelo crescer? Quem faz biologia tem que ter dreads, tocar maracatu e cheirar clorofórmio? É absurdo isso, pra quê criam tantos esteriótipos, e por que ainda tem gente que faz questão de se esteriotipar?
(Thiela e eu) "¬¬ Cara, tô de férias, nããão, nãão, por favoooor." Ai. 00h agora, ainda, putz. "00h30, o tempo se arrasta" (fala de GD, fala de teoria da cor, falafalafala, aê, que legal.....) cara, minha garganta tá doendo, não agüento mais berrar. "01h. Nossa, o que é isso? Minha cama tava tão boa." E meu Rubem Fonseca também. "Maldita hora em que resolvemos sair de casa, hein, Carol, tava ótimo conversar em casa." Nem me fale, nem me fale. "Acho que tô ficando velha." Eu sou velha, há muito tempo. "Velhice precoce, tá na comunidade?" Ô, hoje e sempre. Tem aquela também “sem ritmo pra amigos agitados”, já viu? "Não, mas concordo." [interrupção alheia: olha só que gatooos, a gente tirou foto com cara de drogado, hahahahah, que legal, olha, hahahahaahuahaua, vai pro Orkut, meooooo, muito massaaaaa] é, massa ¬¬. E assim foi. Uma eternidade a cada meia hora. 02h! Pronto, deu, aí agora a gente arrasta o Jan pro lado de fora, vamo? "Vamo. Um, dois, três... "
Ah. Cansei desses bares alternativos todos iguais (seria linchada agora pela população indie se eles lessem isso, como assim bares alternativos são todos iguais? =O Adivinha!). Não entendo essa diversão tão vazia, esse jeito de viver tão vazio, essa busca por coisas tão vazias, essa ocupação com hábitos tão vazios. Não me refiro só a bares alternativos, claro que não. Me refiro a essa aglomeração de pessoas sem objetivo nenhum que se unem pra se destruir em algum lugar, pra se embebedar até cair, pra agarrar todo mundo e não lembrar. Sinto uma agitação tão estranha nesses ambientes, algo se balança de um jeito esquisito dentro de mim, me sinto quase nauseada e tudo que eu quero é sair correndo, deitar na cama em silêncio até passar.
Mudando de assunto, dependendo do ponto de vista, descobri outro remédio bom pra qualquer coisa: Toquinho e Vinícius + tinta + pincéis. A cura pra minha superchatice de sexta-à-quarta da semana passada. Agora estou aqui. Nada como conforto e silêncio. O céu está perfeito (“já viu o céu hoje?” *.*) e eu estou descobrindo artistas maravilhosos. Minha irmã viajou. Minha mãe finalmente voltou a ouvir músicas. E está o maior sossego aqui. Tranqüilidade e ótimas músicas que me surpreendem a cada minuto. Mesmo assim não consigo largar do meu novo (velho) vício. Pelo menos uma vez por dia rodo o mesmo cd. Estou adquirindo vários novos-velhos vícios. Uma realização só.
Agora, as ruas estão quase inteiramente vazias. Dia ideal pra sair andando. Mas é domingo, eu sou menina , sou caçula, e Boa Vista é o bairro dos manos. Acho que vou pelo menos pra quadra do prédio com o meu Fonseca, ler debaixo do sol. Apesar de que nunca mais voltei lá. Há muitosmuitosmuitos meses não volto lá e nem sei se quero voltar. Não sei no que vai dar, não sei se vai fazer bem. Por isso me enrolo e adio. Fico aqui escrevendo, ora no Word ora no papel, selecionando músicas, copiando CDs e olhando o céu pela janela.
Isso às vezes me incomoda. Tantas coisas que deixei de fazer porque não consigo fazer de novo. Tantos lugares de deixei de visitar porque não consigo visitar de novo. E aí, como vai ser? E se mais lugares ficarem marcados com coisas boas, e se eu deixar de visitar mais lugares só pra conservar o passado? E se eu continuar trocando de perfume o tempo inteiro pra deixar as lembranças ligadas a eles sempre intactas. E se eu continuar parando de ouvir algumas músicas com freqüência só pra não marcá-las com novos acontecimentos? A trilha da minha viagem do começo do ano nunca mais parou no meu Mp3 player, pra não desmarcar aqueles dias. Jack Johnson é ouvido três vezes por ano, no máximo. “Universo ao meu Redor” nunca mais parou inteiro no meu player. A trilha da minha viagem pra Manaus já foi guardada também. Quantos perfumes estão encostados no armário? Quantos hábitos foram deixados de lado? Quantos lugares nunca mais visitei? Não sei se é bom ou ruim isso. Às vezes parece meio doentia essa minha forma de conservar o passado. Se continuar assim, talvez um dia todos os lugares fiquem marcados, todos os programas fiquem marcados, todos os perfumes, todas as músicas. E aí eu vou precisar fugir de Curitiba, ir pra longe e ser outra pessoa, só pra não me torturar com a saudade esbofeteando meu rosto a cada minuto.
Não sei, não sei mesmo. Às vezes não sei mesmo o que fazer. Não dá pra mudar assim o tempo inteiro, arrumar sempre coisas novas pra fazer só pra não ter que fazer as mesmas coisas de antes, só por medo de mudar a forma de olhar o passado. Dá a impressão de que um dia vai estar tudo saturado de memórias, e eu, com essa mania desesperada, vou querer manter tudo intacto. Aí eu me afasto pra assim mantê-los, e não sobra lugar pra mim. Dá a impressão que vou acabar num sofá imóvel, sem fazer nada só pra manter meu passado intacto. Parece que uma hora vou deixar de viver só pra manter vivo tudo que eu vivi (que bagunça essa frase). Quando eu tiver vivido quase tudo que eu quero, não vai ter mais espaço nem físico nem psicológico pra minha vida, e isso vai me espremer, me apertar, vou me ver sufocada por toda a minha história, como se não coubessem mais novas histórias por não querer mexer nas antigas. Não deveria ser assim. Talvez eu deva achar logo uma solução.
Nunca acreditei nessas coisas, mas vem passando pela cabeça muitas vezes o momento em que meu professor de Yoga, sem saber nada sobre mim, sem saber nada sobre a minha vida, resolveu puxar uma mandala pra mim sobre as decisões que eu precisaria tomar nesse ano. Ele segurou a carta e disse “Está na hora de você se desapegar do seu passado e olhar pra frente.” Há seis meses penso nesse dia e até hoje não sei direito o que eu penso a respeito. É algo que eu tenho e não gosto de ter. Eu mastigo a idéia e me calo até ter certeza do que eu penso. E quando me convenço de algo, me calo por não ter coragem de falar, ou por não saber como falar, ou por achar que não é necessário falar, pelo menos não da forma que me vêm à cabeça. Enquanto eu não entendo, parece tudo tumultuado, conflituoso. Enquanto eu não entendo, parece difícil de pensar. E aí todo mundo me encurrala, me interroga, minha cabeça roda, eu não consigo responder, e aí fujo, mundo de assunto, enrolo, ou digo “não sei, não pensei o suficiente”. Tantas vezes isso acontece. Tantas vezes nesse ano e no passado e no passado e sempre na minha vida me fazem perguntas que eu não consigo responder. Eu me vejo rodeada pelos minhas próprias contradições e não consigo balancear os lados pra descobrir o que eu penso, não rapidamente, não no intervalo pergunta-resposta.
Vim escrever aqui pra tentar resolver mais uma falha minha, só que dessa vez acabei achando mais um monte de falhas sem resolver nenhuma. Geralmente as coisas se resolvem quando eu escrevo. Entendo tudo melhor quando escrevo. Penso melhor quando escrevo. Mas, agora, acho que preciso ir pensar de alguma outra forma.
Lembrei do semestre passado. No bar, conversando com o Russo, comecei a contar da época em que eu fiz terapia. A psicóloga falou “você não precisa de mim, você entende bem demais tudo que está acontecendo com você”. E o Russo comentou, com um ar que se alternava entre compreensão, brincadeira e crítica: “Também... pensa pouco! Toda hora que a gente te olha você tá em silêncio divagando. Eu acho que vou te dar um pouco da minha tagarelice e pegar um pouco da sua mania de pensar...” Não sei se me entendo tão bem assim. Continuo achando que a mulher que era incompetente e não conseguia enxergar nada além do óbvio.
Minha mãe acaba de entrar no quarto. Ela falou: “Carol vai treinar! Eu falei pra moça do conservatório que você ia treinar ‘Aquarela do Brasil’, ela falou que acha que você vai entrar no avançado, vai treinar, vai treinar!”. =O Capaz, elas estão viajando! Muita pressão, meodeos. AMANHÃ É MEU TESTE, Ó CÉUS, TINHA ESQUECIDO! Vou treinar, tchau!
PS: Pra quem leu até aqui (se alguém ler até aqui), foi mal a acidez e a chatice do post.
Auge do final de semana:
- Aaaaaaaaaahhhhhhhhhh, você tem muito bom gostoooooo, aaaaaaaaah, fofíííííssimo, muito muito muuuuito fooooooooofo, ahhhhhhhh, a-d-o-r-e-i, ahhhhh! AAAAAAAAAAAAH, ahhhhhhhhhh (...)
- É...A-alô? Alô? Cássia? Alô?...