Não gosto de reler ou lembrar textos passados. Acabo entrando em conflito e me vejo tentando explicar. Não gosto da ambigüidade, reflexo da incompetência de escrever subjetivamente que me caracteriza. O fato é que em momentos difíceis pequenas coisas me incomodam mais do que devem e eu tendo a repelir tudo a minha volta. Quando perco a força, sinto muita saudade deles, mais ainda. Penso que se eu pudesse conversar com eles, isso me bastaria. Mas não poder faz com que tudo pareça incrivelmente mais difícil, quase insuportável. Lembro da amizade deles e o resto parece não valer à pena. Sinto a alma sangrar e por alguns minutos a única solução parece ser a companhia deles de volta. Mas a impossibilidade me derruba e eu acabo superdimensionando problemas, subestimando coisas, rejeitando situações, largando tudo de lado... Escrevo coisas que nem são verdades. Ou são verdades, mas não me incomodam na maior parte do tempo. Ou são verdades-mentira, verdades em parte, apenas meias-verdades. Escrevo tudo explosivamente e depois vejo que talvez fosse um engano, ou talvez fosse verdade mesmo, a verdade de todo mundo, porque encontrar pessoas como eu encontrei é algo raro na vida, lidar com as outras é algo com que eu deveria estar acostumada. Mas, às vezes, é difícil viver menos, viver mais na beira, sentir só um pedaço, o mesmo pedaço que todo mundo. É difícil conhecer todas as cores, enxergar só uma de perto e ter todas as outras só na memória.
a música está aí porque eu queria ser ela hoje. o ritmo é gostoso, combina com agora, compensa meu silêncio de agora.