quarta-feira, 28 de maio de 2008

último post pré-manaus

Tenho muitos trabalhos pra fazer, MUITOS. Tantos que nem eu faço idéia da quantidade. Sempre tenho mil coisas pra fazer. Mas quando se decide viajar fora de época, por uma semana, pra floresta amazônica, tudo consegue se complicar mais um pouco. Agora tenho que fazer outros mil trabalhos com antecedência pra entregar antes de viajar. E tenho que ler dois livros de história da arte em duas semanas. E quando eu voltar tenho que fazer bem mais uns 5 trabalhos, em dois dias de preferência. Aaaaaah, faculdade de gente doida. Acho que vou largar tudo e fazer turismo.

Pois é. Tenho mil trabalhos pra fazer e fico aqui me enrolando. Porque quando se tem tantos afazeres, dá vontade de fazer faxina, dá vontade de ir ao supermercado contabilizar quanto que se gasta pra se montar o primeiro apartamento, dá vontade de comprar produtos pra dieta, pesquisar receitas lights, dá vontade de hidratar o cabelo, fazer as unhas, escrever no blog e isso é só o começo de uma enorme lista.

Agora estou aqui fazendo regra de três, pra ver como as pessoas inventam de tudo mesmo pra adiar trabalho, me afundando na cadeira, entre uma frase e outra, e virando uma garrafa de um litro e meio de água.
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Isso foi o que eu comecei a escrever na semana passada. Agora o reflexo do pânico se faz presente. Tenho MUITA coisa pra fazer. Quando voltar de Manaus, estarei MUITO multiplamente ferrada. Acabei de fazer meu trabalho antecipado e, por tanto estresse, fiquei com febre. Não estou doente. A febre coincidiu com o surto, então... é. Não estou doente. Estou com febre há algumas horas, meu estômago se revira há algumas horas e, se continuar assim, amanhã acordarei sem hemácias. Aliás, se todas minhas hemácias forem destruídas por excesso de temperatura corporal, eu não acordo, né? E perco minha viagem pra Manaus. Faz mal tomar paracetamol pra febre emocional? Tenho mil coisas pra pensar, nenhum organismo agüenta pensar tanto.

Hoje foi um dia de salão de beleza e ser mulher definitivamente é sofrido. Dizem que a cera quente dói menos. Meodeos, eu teria morrido com a cera fria então. Na próxima vida escolho nascer homem. Saí do salão com cara de choro, me comprei um chocolate pra compensar o sofrimento, e vim pra casa fazer trabalho. Agora vou me jogar na cama pra passar a febre porque não agüento mais sentir minhas vísceras dando nó. Pelo menos terminei cedo o trabalho.

Nesse momento, o que eu mais precisava (e preciso desesperadamente) era conversar com a Lygia. Assisti àquele vídeo bem umas 20 vezes. Decorei já... “Como é aquela música da vassoura? Levanta essa poeira, vai pra direita, vai pra esquerda...” Ela aprendeu aquele sambinha de brincadeira comigo. Quando eu saía pela porta de desembarque no aeroporto de Recife ela fazia um escândalo e eu me acabava de rir. Puta merda, viu?

Ápice do dia: transformar uma chapa de MDF em uma circunferência na marcenaria pro mock-up do projeto de Composição 2. Notícia ótima referente ao assunto: continuo com a mão inteira.

Boa noite!

Como é meu último post antes da viagem, fiquem na paz. Se eu não voltar... obrigada pela companhia.

domingo, 18 de maio de 2008

"vai pra direita, vai pra esquerda..." (L)

Cansei de assistir pessoas se desprezando. Ouço palavras que contradizem o que se pode ver nos olhos. Vejo a inverdade das atitudes, vejo o descaso. Vejo pessoas sendo usadas sem saber. Vejo pessoas trocando de pessoas como roupas. Ouço gargalhadas forçadas que escondem o desespero do próprio desconhecimento e caracterizam a fuga da própria realidade. Vejo uma alegria infantil irreal. E depois vejo pessoas tão boas que deveriam ser mantidas por perto, mas acabam se mantendo inacessíveis, talvez por já terem acostumado com a convivência superficial.

É tanta informação. Tudo acontece numa rapidez impossível de se processar coerentemente. De começo, a sensação é de se esvaziar, fazer tudo que estava por dentro flutuar em algum espaço perto do corpo. Mas essa é só a busca por um segundo de tranqüilidade estática e silenciosa. É como se fossem duas reações a um mesmo contexto. Como naqueles filmes que mostram o que o protagonista gostaria de fazer, depois voltam ao ponto de partida e dizem “é tudo mentira, na verdade foi assim: ...” e mostram o que o protagonista fez. Na verdade, em vez do silêncio pacífico e contemplativo, um turbilhão de pensamentos de montes de pessoas é descarregado constantemente sobre a minha cabeça. Tenho minha atenção dividida entre egos inflados de almas sedentas por veneração, entre almas partidas realmente merecedoras de ajuda, entre fantoches que escolhem como agir dependendo de quem assista, entre inconstantes em busca de aceitação, entre inseguros em busca de afirmação, entre dissimuladores em busca de atenção, entre boas companhias, entre minha companhia, entre meus turbilhões individuais...

Tudo é captado e ouvido. Tudo grita. Todos os motivos, objetivos, buscas e fugas dos outros giram e gritam e viram parte de mim involuntariamente. Aquilo que dizem sobre o pensamento de um afetar o universo inteiro deve mesmo ser verdade. Com a cabeça agitada, o corpo inteiro se agita. A bagunça de metas, a mistura de bondade com irritabilidade e raiva, tudo causa uma desarmonia tão intensa, uma discrepância tão grande que tudo se mistura e sacode e revira em busca de equilíbrio. Mas cada pensamento a mais que surge é jogado na cabeça de novo pra ser mais um ponto de desequilíbrio em toda mistura que procurava se estabilizar.

As idéias balançam mais, se mexem tanto que cansa. Eu me sinto ofegante como se estivesse me exercitando. Estava sentada, observando, mas o desgaste psicológico acaba por se tornar físico. Deve ser por isso que ando dormindo tanto. A agitação é enorme, cresce até o ponto em que eu sinto meu coração na boca, sobrecarregado, prestes a dar um tilte, prestes a parar. Cresce até eu me sentir no limiar da loucura, até eu levantar e ir embora.

Às vezes, é cansativo ver tanto, perceber tanto, sacar tanto o que está nas entrelinhas. Às vezes cansa pensar tanto sobre tudo. Enquanto eu observo cada gesto, o conjunto causa-efeito-objetivo se monta na minha cabeça e aí acontece uma explosão de pensamentos que se formam até que fique difícil respirar, até que o sangue comece a percorrer meu corpo numa velocidade anormal, quase febril.

Esse teatro se escancara perante os nossos olhos, e se alguém abrisse a boca pra desmascarar os atores, eles próprios se espantariam. Eles próprios se sentiriam despidos, desprotegidos, vulneráveis, descobertos antes mesmo de se descobrirem. É comum que ajam sem antes pensar sobre o que os leva a cometer aquelas ações. Quando se vêem interpretados, se assustam e reagem com medo, contestam, sentem-se caluniados, mas, por dentro, sabem que faz sentido. Não querem mais se sentir expostos, e aí interpretam mais uma vez um cena de escândalo-escudo, um decarregamento de palavras que têm por fim esconder novamente seu interior e machucar a qualquer custo aquele que o despiu.

É uma dança sem fim de egoístas que disputam colericamente o centro das atenções. Assistir a tudo isso é como injetar um pouco de veneno na alma a cada segundo. Sinto tudo amargar, sinto a raiva tomar conta de mim. Tenho um impulso de gritar e fazer todo mundo parar de encenar e ser verdadeiro por um segundo. Fazer todos os desentendimentos serem resolvidos com maturidade, e não com estapeações à distância. Fazer com que parem com essa crueldade de passar por cima de todos pra sentir o poder efêmero nas mãos. Fazer com que pensem um segundo, olhem a sua volta, e vejam a realidade de cada um presente. Fazê-los entender que tem pessoas ali que não ligam pra essa competição e vivem bem com isso porque enxergaram o verdadeiro valor da vida. Fazê-los ver que tem pessoas ali com muito pra dar, muito pra ensinar e ninguém sabe. Fazê-los ver que tem pessoas ali encarando coisas sérias, sentados no chão, sozinhos. Tenho vontade de gritar e fazê-los ver que existe vida de verdade em volta, que todos poderiam parar de olhar pra si e fazer algo útil por alguém, poderiam parar de querer ficar no topo e enxergar um mundo um pouco maior do que seus umbigos. Mas não posso abrir a boca porque ninguém cresce sendo preparado pra ver a verdade. Todos crescemos sendo ensinados a atuar, atuar, atuar e enganar os outros, mas somos burros demais pra consegui-lo sem também enganarmos a nós mesmos.

Quinta-feira, não consegui ficar na sala. Saí, fui pro sol. Bateu uma saudade imensa dos meus amigos. Bateu uma saudade indescritível. Desde então estou meio assim, chata com tudo. Mas, sério, não dá pra entender como podem viver assim, animalescamente, apenas por instinto, apenas por impulso, sem pensar, sem tentar entender. Não dá pra entender como conseguem se cegar assim e enxergar apenas as próprias ambições. Não dá pra entender essa falsidade e essa superficialidade dos que fazem a opção de tornar passageiro tudo aquilo que lhe foi dado pela vida, pelo destino, por Deus, cada um chama de uma forma. Muitos presentes nos são dados constantemente. Cabe a nós valorizar e decidir se queremos que fiquem ou que passem. Sinto, a cada dia, uma necessidade maior de me afastar disso tudo. Preciso de férias, preciso de descanso. Não consigo mais assistir a tudo isso sem querer ir embora, sem ter que me controlar pra não estourar. Definitivamente, eu não consigo ver tantas preciosidades jogadas no lixo. Pelo menos, nem todos estão imersos nessa podridão. Existem aqueles que só encenam pra descansar um pouco de si, mas sabem dar valor ao que é verdadeiro. Existem aqueles que encenam apenas pra se proteger de ouvir absurdos de quem não sabe o que diz. Existem aqueles que enxergam a vida, que olham a sua volta, que amam e valorizam, que escolhem ficar e valem a pena. Por eles existirem, eu agradeço todos os dias.

Mudando de assunto agora, ou nem tanto... Acabei de assistir a um vídeo. Filmaram a minha Lyz, minha melhor amiga, ela tava cantando (“vai pra direita, vai pra esquerda...”) com aquela alegria contagiante, com aquele sotaque. Desde que assisti não consigo parar de chorar. Cansei dessa distância, mesmo. Que saudade imensa! Que saudade, que saudade.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

chiliquemulherzinha inevitável

Minha vida social acabou. Su-bli-mou mesmo. Não é exagero. Criancinhas tinham medo de mim. Quando eu cheguei em Curitiba e me perdi na cidade, assim desse jeito, ninguém parava pra me dar informação na rua. Todo mundo tinha medo. Todo mundo achava que eu fosse assaltante, trombadinha, seqüestradora, ou bicho-papão (pros inocentes). Juro. Depois de 2h parando todo mundo pra pedir informação só consegui que um taxista tivesse dó de mim e me indicasse o caminho de volta pra casa. Agora, nada mais de pessoas puxando papo no ponto de ônibus. Nada de receber cantadas alto-nível. Nada de andar na rua e ver as pessoas passando naturalmente por mim. Eu falei que não queria uma solução drástica. Eu faleeei que estava disposta a demorar um tempo pra resolver o problema. Mas por que raios eles não conseguem entender isso? Por que eles têm que se livrar de tudo, de uma vez? Por queeee, meodeos, cabeleireiros precisam cortar meio-metro de cabelo pra se sentirem satisfeitos? Preciso urgentemente de um ultramegapower creme redutor de volume. Urgente! E sei que não existe no mundo, nem se for Dior, um creme que vá atender à minha necessidade. O cara pelo menos me fez uma escova de graça, era o mínimo. Ele me convenceu a cortar repicado, alegando que cortaria bem menos cabelo do que se fizesse um “V” como eu tinha pedido. No fim, ele me mostrou e disse: “Ta vendo? Quase não mudou o comprimento, mas tirou tudo que tava queimado! Olha que leveza!” Cooooomo não mudou o comprimento se ele batia na cintuuuraaa quando lisooo? Realmente está muito leve. Pra cabelos lisos isso é maravilhoso. Mas pra cabelo cacheado, leveza excessiva é sinônimo de PÂNICO! Qualquer ventinho que bate ele voa demais e fica flutuando no alto da cabeça. De escova tá lindo, perfeito-amei. Mas conheço minha juba. Sei que a reação não vai ser a mesma quando cachear. Já to vendo o desastre, ó céus... Que medo! Resolvi passar a tesoura porque não agüentava mais demorar 20min pra desembaraça-lo. Pra que as meninas se irritassem menos com meus rituais capilares em Manaus, fui lá aparar um pouquinho. INHO. E agora, o que será de mim durante as chuvas diárias amazonenses? Pff, tenho que me conformar, é o que resta. Já tô aqui tentando me acostumar com a idéia. É isso aí... VIVA O BLACK POWER!